segunda-feira, outubro 17, 2005

 

Computadores do M.I.T. ensinam 'modos' e 'etiqueta' a quem não tem

RAPHAEL GOMIDE
BOSTON, MASSACHUSETS
Imagine ter um celular que avisa quando você é mal-educada e agressiva com o namorado ou quando não deu a devida atenção 'a sua mulher. E o que acha de saber logo depois de uma paquera se ela ou ele gostou do seu papo? Bom, se você é um Dom Juan, um expert em relações humanas e consegue perceber pequenas diferenças no tom de voz das pessoas, ou simplesmente é avesso a tecnologias que substituam o puro contato social, talvez não precise de nada disso. Mas nos Estados Unidos, onde talvez o contato social não seja tão caloroso como nos nossos trópicos, há gente pensando nisso e "computadorizando" as relações sociais. Melhor - para quem interessar -, estão produzindo esses aparelhos que pareciam só existir em desenhos dos Jatsons ou em filmes de ficção científica.
O Laboratório de Mídia do MIT (Massachusets Institute of Technology) - em Boston, Massachusetts - é uma instituição de ponta em pesquisa científica e tecnológica no mundo e é lá que Alex (Sandy) Pentland, cientista de computes e psicólogo, desenvolveu os protótipos dos aparelhos. Pois é, eles já existem, mas ainda não estão 'a venda. "Precisamos ter aparatos muito mais sensíveis socialmente. A atual tecnologia parece estar em guerra com a sociedade: celulares interrompem conversas importantes, pagers vibram, tudo pede sua atenção. Computadores são socialmente ignorantes. Por isso desenvolvemos ferramentas para medir contexto social e ensinar a computadores comportamento social", explica Sandy Pentland.
Os "brinquedos" de Pentland e seus alunos analisam tudo isso pelo tom de voz, segundo ele, o mais poderoso canal social não-linguístico, porque é pouco sujeito ao controle consciente. Ou seja, é difícil ocultar da voz o que se está sentindo. Pentland garante que o sistema montado pelo MIT é capaz de determinar com eficiência de 85% o resultado de um pedido de aumento, se um casal vai trocar telephone em um bar (na maioria dos casos, depende da mulher), ou quem vai ganhar uma negociação comercial. "Nossa máquina ouve os sinais sociais e ignora as palavras. Como você fala é quase tão importante como o que se fala. O que analisamos são algumas das situações mais importantes de nossa vida: encontrar um parceiro amoroso, negociar salário e conseguir um emprego, por exemplo. E o grau de acertos supera o de experts em psicologia social, que é em torno de 70%", diz, animado.
Quatro características servem como indicadores principais: o nível de interatividade (participação) dos interlocutores; envolvimento na conversa, estresse na voz e "espelho" - quando uma das pessoas copia a forma de falar ou as palavras da outra, uma forma de empatia.
"A pessoa passa a ter um retorno de suas interações. Fui duro demais na minha negociação? Pareci interessado quando falei com a minha mulher? Um dos problemas que temos é que nossos sinais sociais são muitas vezes inconscientes e não sabemos como nossa voz soa aos outros. Esse feedback nos treina para nos apresentar como desejamos nas próximas situações e pode tornar as pessoas mais sofisticadas no contato social, ensinando-as a ouvir mais", afirma Pentland, ex-diretor acadêmico do laboratório.
O próprio cientista não garante ser um especialista em relações sociais. Em entrevista de meia-hora com um grupo de nove jornalistas estrangeiros do World Press Institute, da qual o DIA participou, ele perdeu a paciência com um dos repórteres, ficou vermelho e deu respostas agressivas, incitando-o a estudar um assunto antes de fazer perguntas equivocadas.
Talvez não estivesse usando uma das maquininhas que inventou.
p.s.: Esta matéria foi escrita para o jornal O DIA
(LER TAMBÉM: MIT DEIXA QUALQUER UM COMPLEXADO, DE 14 DE SETEMBRO)

 

O lugar da "bruxaria"


Media Lab do MIT
Posted by Picasa

 

Laptop de US$ 100 (R$ 238) para meninos do Brasil e do mundo

O Brasil acompanha de perto um dos principais projetos atuais do Laboratório de Mídia do MIT: o inovador computador portátil de US$ 100, projeto desenvolvido desde 1983 pelo professor Nicholas Negroponte. O objetivo é distribuir laptops em larga escala e baixo preço, para crianças de escolas de países em desenvolvimento - o Brasil lidera um grupo de parceiros. "O computador vai revolucionar o ensino no mundo e se tornar o meio pelo qual os alunos vão aprender sobre tudo: matemática, cultura e economia", diz, entusiasmado, o atual diretor-executivo do Lab, Walter Bender.
Enquanto o projeto do MIT não sai do papel, o Brasil adota um projeto até 14 vezes mais caro - Cidadão Conectado, ou Computador para todos, com o preço máximo de R$ 1.400, financiado, embora não restrito a crianças.
Visual despojado - camisa xadrez, calças bege, meias brancas furadas e tênis New Balance -, apenas o cabelo grisalho e ondulado lembra o estereótipo de um cientista. Ele já esteve no Brasil conversando com o Ministério da Educação e incentivadores do projeto, como o publisher do Grupo Estado, Rodrigo Mesquita.
Os últimos detalhes do equipamento, como a "arquitetura" do software, estão sendo definidos este mês, e o primeiro protótipo será apresentado no mês que vem, em Túnis, Tunísia. É um computador simples, com recursos básicos mas com o equipamento necessário para as crianças nas escolas, orientado para o aprendizado delas. As escolas farão a recarga dos aparelhos, principalmente nas áreas onde eletricidade não seja disponível para todos.
De acordo com o MIT, o Brasil pode começar a usá-los a partir do ano que vem.
"Como os meninos vão levar o laptop para casa, a máquina passa a fazer parte da vida deles, integrada 'a escola, 'a comunidade e 'a família. Eles precisam experimentar, acertar e errar sozinhos."
O preço baixo vai poder ser obtido pela produção em larga escala do computador, em fábricas nos paises que usarão a tecnologia.
Um dos modelos da primeira geração tem a tela com alta definição em preto-e-branco e baixa resolução colorida. "Vai ser equipamento de primeira categoria. Queremos pôr computadores nas mãos de crianças do mundo todo", resume Walter Bender.

EMPRESAS DE PONTA BANCAM PESQUISA E "ROUBAM" TALENTO DO MIT
O MIT é um dos mais respeitados e famosos institutos de tecnologia do mundo e seu Laboratório de Mídia serve para como uma espécie de centro de pesquisas de algumas das principais corporações de comunicação do planeta. Empresas como Motorolla, Toshiba, Samsung e outras "doam" US$ 40 milhões (R$ 92 milhões) anuais como patrocínio - cerca de 70% do orçamento anual do MIT, que atua nas áreas de Física, Desenho industrial, Biologia e Inteligência Artificial, entre dezenas de outras.
"Eles não patrocinam um projeto específico. O dinheiro é administrado pelo MIT. As empresas também enviam sempre profissionais de ligação que acompanham os projetos, passam tempo aqui, conversando com professores e alunos. Muitas tecnologias que vêem aqui servem de idéias ou pontos de partida para inúmeros projetos deles", explica Alexandra Kahn, relações-públicas do Laboratório de Mídia.
Como bancam as pesquisas, as empresas têm livre acesso 'as technologies desenvolvidas pelos grupos de 30 professores, 160 alunos de mestrado ou doutorado e 200 na faculdade que atuam no Lab. Entre os estudantes, há gente de 22 nacionalidades - 30% são mulheres. "Buscamos alunos brilhantes de qualquer lugar do mundo. Não importa de onde venham: o que queremos são pessoas motivadas, com altas expectativas acadêmicas, idéias inovadoras e que queiram tornar o mundo um lugar melhor", diz Alexandra.

POSSÍVEIS USOS COMERCIAIS DOS APARELHOS DO MEDIA LAB
1 - Celular com sinal de mau-humor (ou "Medidor de Grosseria")
Mulheres reclamam sempre que os maridos não prestam atenção ao que elas dizem. O "Medidor de Grosseria" tem o sistema que monitora o tom de voz do marido durante a conversa e, ao fim da ligação, emite um sinal indicando que ele não foi suficientemente atencioso ou interessado.
2 - Telefone com Personal Trainer
É um passo adiante do Medidor de Grosseria.
Como sabemos que nem sempre conseguimos comunicar aquilo que queremos e as pessoas muitas vezes nos entendem errado, seja porque estamos estressados ou por outro motivo, o Personal Trainer nos indica ao fim da chamada se fomos agressivos, amigáveis, interessados, firmes e cooperativos.
3. Combinação Perfeita:
Como negócios dependem de relações pessoais, os estilos dos vended ores e negociadores nem sempre são os mais adequate a todos os clientes. O Combinação Perfeita classifica o estilo de conversa de cada vendedor para colocá-lo em contato com o cliente certo.

Segundo Pentland, os aparelhos estão sendo negociados com grande empresas de mídia e podem estar disponíveis para venda em um ano.
(Fonte dos usos: Artigo Socially Aware Computation and Communication, de Alex "Sandy" Pentland, na IEEE Computer Society)

 

Paraíso das Crianças


Village do Give Kids the World
Posted by Picasa

 

Vitória da vida

Depois de sobreviver cinco anos em quatro diferentes campos de concentração nazistas, o menino judeu belga de 18 anos está no bosque, frente a frente com um pelotão de fuzilamento do exército nazista alemão. É 1945. Subitamente, os soldados baixam armas. “Vai embora agora! Corre!”, determina um alemão, aos gritos. Henri Landwirth corre sem parar até desmaiar. É acolhido por um casal tcheco, e sabe por eles que a 2a Guerra Mundial acabou. O saldo não é vitorioso. Sobreviveu, mas perdeu o pai, Max. O navio em que a mãe, Fannie, estava foi explodido no mar. Após meses de busca e angústia, ele encontrou a irmã gêmea, Margot, em um campo de refugiados.
O menino que passou a infância e desafiou a morte diariamente em campos de concentração e extermínio - Auschwitz, entre outros -, hoje realiza sonhos de crianças doentes terminais, de 3 a 18 anos. Vítimas de câncer, leucemia, HIV, ou doenças degenerativas, seu último desejo é ir aos parques da Disney World, na Flórida. Como ele no passado, elas não têm controle sobre a própria vida e a morte. Henri é o dono da ONG “Dê o mundo ‘as Crianças” (Give Kids the World), que todos os anos leva 6.100 famílias de meninos e meninas quase sem perspectiva de cura aos parques, por uma semana, para realizar o seu último desejo. As famílias não gastam nada.
“Amo a vida. Não era para eu estar aqui. Por tudo o que enfrentei, era para eu estar morto. Se eles quisessem me cortavam em pedaços. Minha vida inteira é um milagre, e é meu dever retribuir. E você tem de se dar - não é dinheiro, mas a sua própria essência. É isso o que faz a vida ter sentido”, diz Henri.
Não se trata simplesmente de passagens e hotelaria. A atenção é especial para cada um dos convidados. O Village de 96 casas para até 7 pessoas cada, está sempre cheio de visitantes, 100 funcionários e 900 voluntários, os “anjos”. “Sem os anjos, nós não existiríamos”, diz o gerente-geral, Mitch Goldberg. Tudo é colorido, cheio de vida, divertido. Nos 51 acres da minicidade, há lagos, campos de golfe temáticos (com dinossauros, cavernas e barulhos a cada acerto), castelos, salas de jogos, sorveteria. As áreas comuns foram construídas e doadas por empresas como Hard Rock Café, K-Mart, Universal Studios, Planet Holywood, mas não há sinal disso. “Nossa filosofia é que quem está aqui é pela missão, não para fazer propaganda”, explica Mitch. A Procter & Gamble doa sabonetes e produtos de higiene e limpeza; a Disney dá seis dias de entradas nos seus parques de diversão, os mais famosos do mundo - Disney, Universal Studios, Busch Gardens, Kennedy Space Center. “Nunca assinei um contrato, é sempre de boca”, diz Henri.
O “Dê o Mundo ‘as Crianças” trabalha em convênio com entidades chamadas de “Faça um desejo”, para crianças de 3 a 18 anos em estado crítico de saúde, normalmente vítimas de câncer, leukemia, HIV, ou doenças degenerativas, cujo ultimo desejo é ir aos parques da Flórida. Do total, 8% são estrangeiras, de 50 países, inclusive brasileiras. “Se alguém nessa situação quer vir aqui e tem autorização do médico, vamos garantir que ela venha. Nunca recusamos uma criança”, assegura Henri.
Os meninos e meninas vêm acompanhados de dois adultos, e dos irmãos, quantos forem. Ninguém paga nada. Um pedido nos EUA pode ser realizado em até 24h; um internacional pode demorar três dias. “Tempo é algo que essas crianças não têm”, afirma Mitch. Se não levaram cameras de filmar ou digitais, podem pegar emprestadas. Sorvetes, cachorros-quentes, almoços e jantares, tudo é gratuito.
Devido ao estado de saúde dos pequenos convidados, já houve casos de morte no village, mas são raros. Um ocorreu há dois meses. “Foi muito triste; tudo fica muito quieto.” O normal, entretanto, é que as crianças melhorem.
Henri considera o village mágico, um lugar onde tudo dá certo. “Deus está aqui. Casais separados vêm juntos e ‘as vezes se casam de novo. Me lembro de uma menininha muito doente, para quem os médicos previam três dias de vida. O sonho dela era conhecer a Minnie Mouse. Ela chegou e começou a correr de um lado para o outro. A mãe se assustou, e eu disse: deixa ela! Eles se esquecem de hospitais, seringas, médicos. Ela ganhou energia, vida. E viveu mais seis meses.”
Na capela ecumênica, que já abrigou até casamentos, famílias deixam mensagem de agradecimento e esperança. Na parede, próximo ao teto, nuvens azuis de papelão. Um menininho de 5 anos saiu da capela sem o cobertor que carregava por onde ia. “Cadê o seu cobertor?”, perguntou a mãe. “Joguei no paraíso (nuvens azuis): queria que estivesse esperando por mim quando eu chegar lá”, respondeu o menino.

Valores do Give kids the world:
Compaixão, Dedicação, Credibilidade, Integridade e Trabalho de Equipe

“Give Kids The World é dedicado ’a memória de todas as crianças cujo último desejo não pôde ser realizado. A cidade das crianças, construída com o compromisso altruísta e o espírito generoso de tantas indústrias e empresas, existe por apenas uma razão: servir as crianças com doenças terminais e suas famílias.
A vila pertence principalmente, e sempre pertencerá, ‘as crianças que a procuram. É uma vila onde nenhuma criança será jamais recusada e onde a família vai encontrar alegria, riso, serenidade e memórias para o resto da vida. É uma vida construída com base na palavra e em apertos de mão. Que todos os que passarem os nossos portões reconheçam que é responsabilidade de todos nós amar e cuidar de cada uma das crianças.”

Site na internet: gktw.org

domingo, outubro 16, 2005

 

Céu de Estrelas Vivas


Mitch Goldberg, no castelo, cujo "céu" é iluminado pelas estrelas das crianças que brilharam por lá
Posted by Picasa

 

O homem


Henri Landswirth
Posted by Picasa

 

A História do Sonho Americano

Após o fim da Guerra, Henri Landwirth não queria ficar na Europa; viajou aos Estados Unidos em um navio de carga, US$ 20 na carteira. Mesmo sem falar inglês, foi recrutado pelo Exército americano. Em seguida, começou a trabalhar em hotéis, em todas as funções. Jura que subornou um contador com uma garrafa de uísque para aprender o serviço dele. “Lavei pratos, limpei privadas, fui barman. Queria ser imprescindível”, explica o senhor de 78 anos. “Nunca quis me esquecer onde estive. Me lembro até hoje da fome. Passei fome por cinco anos. Você se torna um animal.”
Ascendeu na carreira, virou gerente, gerente-geral e comprou - com outros sócios - uma franquia do Holiday Inn que abriria com a Disney World. Em 1985, tinha seis hotéis, que hospedavam crianças em situação terminal.
Quando uma viagem demorou dois meses para acontecer, e uma criança morreu sem ter o sonho realizado, Henri decidiu criar o village, em 1986.
“Tinha 59 anos, era rico, e alguma coisa aconteceu. Eu tinha de fazer alguma coisa por este país, que me deu tantas oportunidades. Então decidi abandonar os negócios e entrar no mundo da caridade. Minha vida era bem parecida com a desses meninos, eu realmente não esperava sobreviver. Há tanto ódio, preconceito no mundo, e essas crianças estão morrendo. Há coisas mais importantes para se fazer do que odiar”, ensina Henri.
“Este homem é maravilhoso”, disse a Henri Amanda Phipps, 35, mãe de Hayden, 6 anos, que se recupera de um sarcoma rabdomyo (Rabdomyosarcoma). “O senhor é maravilhoso”, ela repete para ele, e pega um autógrafo na autobiografia Dom da Vida. “Estamos nos divertindo tanto, as crianças adoram e nós também. É inacreditável”, conclui Amanda, dona de uma corretora no Texas, que viajou com o marido, Dale, Hayden, e os dois irmãozinhos, Sophie, 4, e Graham, 2.
Para Henri, a caridade é o melhor trabalho do mundo. “Quanto mais você dá, mais você tem, e a sua vida se torna maravilhosa. A vida se enche de alegria. Nunca fui tão feliz como sou hoje, ajudando as pessoas.”

 

Em família


Henri Landswirth com Hayden (E), Amanda Phipps e sua família. Hayden se recupera de um sarcoma
Posted by Picasa

quinta-feira, outubro 13, 2005

 

Sabia?

A Universidade de Chicago recebeu mais Prêmios Nobel que qualquer outra instituição no mundo. São 70, no total, recebidos por professores, alunos ou pesquisadores: 24 em Física, 19 em Economia ("Escola de Chicago"*, cujo principal representante é Milton Friedman, vencedor do prêmio em 1976), 14 em Química, 11 em Fisiologia ou Medicina e 2 em Literatura.

* "A Escola de Chicago é uma escola econômica que tende a defender o mercado livre, exceto no que diz respeito à emissão de moeda, que, segundo esta escola, deve ser controlada pelos bancos centrais com o objetivo de se controlar a inflação." (Wikipedia)

 

Alice no País das Maravilhas


A bela pintura é Mad Hatter's Tea Party, de Anne Bachelier (http://www.lewiscarroll.org/) ou (http://www.cfmgallery.com/alice.html). Leia também texto abaixo, motivo desta imagem.
Posted by Picasa

 

O desafio do impossível

"There's no use trying", said Alice; "One can't believe impossible things."
"I dare say you haven't had much practice", said the Queen. "When I was your age, I always did it for half an hour a day. Why, sometimes I've believed as many as 6 impossible things before breakfast." Alice in Wonderland, Lewis Carroll (1832-1898), pseudônimo usado pelo matemático e reverendo Charles Dodgson, a partir de 1856.
(Tradução livre)
"Não adianta!", disse Alice. "Ninguém pode acreditar em coisas impossíveis."
"Ouso dizer que você não tem muita prática", respondeu a Rainha. "Quando eu tinha a sua idade, sempre fazia isso meia-hora por dia. Assim, houve vezes em que cheguei a acreditar em até 6 coisas impossíveis antes do café-da-manhã."

Acreditemos no impossível. Eis o desafio.

 

Gotham City


13h (!??) de quarta-feira
Posted by Picasa

quarta-feira, outubro 12, 2005

 

As brumas de Chicago


Arranha-céus espetam as nuvens de Illinois
Posted by Picasa

 

Colunas e Bandeiras


Prédio de Chicago
Posted by Picasa

 

Chicago River



Posted by Picasa

 

Tetos


Hall do prédio que abriga o Chicago Reporter

Posted by Picasa

terça-feira, outubro 11, 2005

 

O valor do jornal não está no alto da primeira página

O New York Times custa "One dollar", como está escrito no alto de sua capa. Aos domingos, o preço passa a US$ 3.50 em NY e US$ 5 em outros estados.
O Washington Post custa US$ 35c do dia-a-dia e US$ 1.50 aos domingos.
O Chicago Tribune é US$ 1.50 aos domingos. (600 mil semana; 900-950 mil domingos)
Esses jornais no domingo são uma maçaroca, o dobro da grossura dos nossos, e pesam quilos. Impossível ler mais de um em um dia. Impossível ler um inteiro em um dia.

O Globo é R$ 2 durante a semana e R$ 3.50 aos domingos. (300 mil; 400 mil circulação)
O JB sai quase pelo mesmo preço: R$ 2 e R$ 3
O DIA é R$ 1.30 durante a semana e R$ 2,50 no fim de semana. (180 mil; 250 mil)
Folha custa R$ 2,50 durante a semana e R$ 4 aos domingos (350 mil; 430 mil)
Estadão - 2,50 segunda a sábado

Se supusermos que, comparativamente - em termos de poder aquisitivo -, US$ 1 nos EUA equivale a R$ 1 no Brasil, nossos jornais são caros.
É que aqui no Norte a mídia aceita "prejuízo" nas vendas, contando com a circulação e o dinheiro da publicidade, que corresponde a 80% da receita dos grandes jornais. A tendência é dar os jornais de graça, mas o temor é o preconceito contra produtos gratuitos. Uma vantagem deles é que quase não há despesa com jornaleiros: ou é assinatura ou são aquelas caixas de metal nas ruas que guardam e cospem diários em troca de moedas.
Alguns jornais, como o NY Times e o Chicago Tribune, já deram o primeiro passo e testam o modelo. Lançaram tablóides distribuídos gratuitamente. O do Tribune tem como foco o público jovem (18-34 anos) e se chama Red-Eye; o do Times é entregue nas estações de metrô.
(Colaborou Teresa Fayal)

segunda-feira, outubro 10, 2005

 

Chicago Tribune Tower


The Tribune Tower
Posted by Picasa

 

A Primeira Emenda, Liberdade de Imprensa



A tão falada Primeira Emenda diz respeito 'a liberdade de religião e de imprensa e está gravada na parede de entrada da redação do Chicago Tribune, na Tribune Tower, prédio de 36 andares e estilo gótico, construído em 1925.
Dez emendas compõem o Bill of Rights, o corpo de leis de direitos fundamentais do cidadão, não coberto inicialmente pela constituição, focada na formação do Estado.
(http://usinfo.state.gov/usa/infousa/facts/funddocs/billeng.htm)
Curiosidade: A falta de uma conjunção adversativa ("or") na quinta linha fez com que o texto tenha sido reesculpido na parede, apesar de o sentido não ser alterado pela omissão. "Pedimos para mudarem a Constituição, mas não quiseram, e acabamos corrigindo aqui mesmo", brinca o ex-editor do Tribune (21o), Howard Tyner, presidente do Board of Directors do World Press Institute.
O hall de entrada do Tribune - construído por uma firma de NY, que, vencedora do concurso, embolsou US$ 22 mil, uma fortuna na época - é repleto de frases de presidentes, publishers e jornalistas sobre a Liberdade de Imprensa.
"Quanto mais próximo você estiver do inimigo, tão mais próximo estará de Deus." Robert McCormick, chamado de "Coronel", o mais famoso e folclórico publisher e editor do Times, cuja benção era necessária para qualquer candidato republicano 'a presidência. O jornal mantém-se conservador hoje e endossa nos editoriais candidaturas republicanas - como a de Bush. O Coronel comandou o jornal com mão-de-ferro entre os anos 20 e 1955, quando morreu, e seu conservadorismo provocou o ódio dos negros em relação ao jornal. Construiu a Tribune Tower e fez do diário o mais lido do país. No seu tempo, o staff do Comercial não podia nem entrar na redação.

Outras frases na Torre, sobre a Liberdade de Imprensa:
"Esta é a verdadeira liberdade, quando homens nascidos livres, tendo de aconselhar o público, podem falar livres. Aquele que pode e fala, merece ser louvado; para que aquele que nem pode nem vai falar, possa manter a sua paz. O que pode ser mais justo em um estado do que isso?" Eurípedes
"A inteira e absoluta liberdade de imprensa é essencial para a preservação do Governo com base em uma constituição livre." Daniel Webster
"Deixe as pessoas conhecerem os fatos, e o país estará a salvo", Abraham Lincoln
"Dê-me liberdade para distinguir, exprimir e debater livremente de acordo com a minha consciência acima de todas as outras liberdades." Milton

Posted by Picasa

 

Palavras de Concreto


Entrada do Tribune
Posted by Picasa

 

Espelho do Céu


Millenium Park

Posted by Picasa

 

O Central Park de Chicago


Millenium Park
Posted by Picasa

 

A Cidade da Arquitetura

Se você é arquiteto, espero que já tenha vindo a Chicago. Se não veio, corra, está atrasado. Se não é arquiteto, venha também. É estonteante.
Tudo começou com o Grande Incêndio (Great Chicago Fire), em outubro de 1871, que durou 3 dias. Como a lenda da fênix (*), a cidade renasceu a partir de suas próprias cinzas.
A partir daí, a reconstrução se deu sempre com um olho na arte e na originalidade que deve norteá-la. Tudo é moderno, mesmo o antigo. A cidade pariu os primeiros arranha-céus do mundo, nos anos 20. "Foi aqui que tudo começou", escreveram os editores da Architectural Digest. Desde então, tudo é na base dos concursos de arquitetura. Pontes, prédios, esculturas. "Chicago é o lugar de origem da arquitetura moderna e é considerada pelo Instituto Americano de Arquitetos a mais importante cidade arquitetônica nos EUA", explica texto na Torre da Sears (p.s.2).
Não se fala muito de Chicago fora dos EUA. Mas aqui todos sabem que a terceira maior cidade do país é viva, rica, exuberante em arte e juventude. As ruas são belas e elegantes; a gente é bela, elegante, moderna; os prédios são belos, elegantes, modernos e imponentes.
Deixam os arranha-céus de NY para trás. Tamanho não é documento.

p.s.: Os moradores de Chicago sabem de tudo isso e, vaidosos, tem a certeza de que tudo aqui é melhor e maior que no resto do planeta.
p.s.2: Após o atentado de 11 de setembro, que destruiu as Torres Gêmeas do World Trade Center, a cidade ostenta o prédio mais alto dos EUA: é a torre da Sears (1.450 pés, cerca de 450 metros), um dos mais sem-graça. Do topo, é possível ver quatro estados diferentes: Illinois (claro), Michigan, Wisconsin e Indiana. Só vi Illinois e, mesmo assim, mal. As nuvens cobriam a cidade e a visibilidade era péssima (próxima de 0 na escala que vai até 5).

* A verdade da fênix
"Você não ouviu contar que a ave fênix renasce de suas cinzas? Pois não existe essa tal ave fênix. Fênix, phoenix em grego, significava a palmeira e uma ave, e o provérbio dizia que a palmeira renasce de suas cinzas, isto é, que se incendeia uma floresta de palmeiras e estas voltam a brotar. E os que depois ignoraram que se tratava da palmeira, atribuíram o milagre à ave."
UNAMUNO, Solilóquios e Conversações
(Colaborou Anninha Gomide)

 

Arte Gótica


Hall de entrada da Tribune Tower
Posted by Picasa

 

A Modernidade é azul


Chicago, Illinois
Posted by Picasa

 

Tribune Tower


O vesgo. A culpa é do reflexo dos óculos! ; )
Posted by Picasa

 

Subway x Mc Donald's e Burger King

No copo do Subway, vem a comparação - antes também no guardanapo -, para a gente não se esquecer, e para eles faturarem mais:
Nossos sanduíches de 6 polegadas (7 subs com 6 gramas de gordura ou menos):
..........................Gordura (g).......Colesterol (mg)........Calorias
Veggie Delight...............3...................0...................230
Peito de Peru................4.5.................20...................280
Peito de Peru e presunto.....5...................25...................290
Rosbife......................5...................20...................290
Subway Club (3 carnes).......6...................35...................320
Presunto.....................5...................25...................290
Peito de frango assado.......5...................45...................320

Versus (É como está no copo):
(Em vermelho)
BIG MAC..............34..................85...................590
WHOPPER......................39..................80...................680

A nota é minha: O Big Mac é quase 6 vezes mais gorduroso que o sanduíche mais gorduroso do Subway e 10 vezes mais que o menos gorduroso (frango assado); tem quase o dobro de colesterol e mais de 4 vezes mais que o de peito de peru; quase o dobro de calorias.
O Whopper é ainda pior em gordura, com mais de 6 vezes de diferença, e em calorias, mais que o dobro.
Mesmo assim, quem 'as vezes não acaba no Mc Donald's??

sábado, outubro 08, 2005

 

Os 7 Dogmas do Macon Telegraph

1. Watchdog - Vigilância
2. Pessoas como eu
3. Primeiro e único
4. Contar uma história
5. Utilidade
6. Fácil de aplicar e usar
7. Credibilidade

O Macon Telegraph - em Macon, Geórgia - integra o Grupo de Mídia Knight-Ridder, o segundo maior dos EUA, com 32 diários em 28 mercados americanos. São 8.5 milhões de leitores durante a semana e 12.6 milhões aos domingos.

 

Folga


Quarto do hotel em Atlanta
Posted by Picasa

 

Desenho Animado


Arte sobre o quarto em Atlanta, Geórgia
Posted by Picasa

sexta-feira, outubro 07, 2005

 

Segurança Máxima


United States Penitentiary in Atlanta, Georgia.
Aqui não tem brincadeira.
Posted by Picasa

 

A vida é dura na cadeia

Trabalho é obrigatório, presos não tem visita íntima e agentes dizem que serviço é uma moleza

RAPHAEL GOMIDE
Atlanta, Geórgia (Estados Unidos)
“Isso aqui não tem nada a ver com os filmes. Aquilo é pura ficção”, avisa logo o comunicativo tenente S. Daniel, agente penitenciário há 15 anos, que não gosta de filmes de prisão. A penitenciária federal (United States Penitentiary, USP) de segurança máxima em Atlanta (Geórgia), uma das maiores do País, realmente não lembra o clima pesado de gangues rivais em guerra, brigas iminentes durante o almoço e assassinatos a cada meia hora. Também não se assemelha ‘as prisões brasileiras, com suas rebeliões, reféns e drogas. Não é que se trate de um paraíso e nada disso aconteça, mas a impressão é de controle total - pelo sistema penitenciário. A última grande rebelião, com reféns, aconteceu em 1989 e durou 11 dias.
Os agentes, todos com nível superior, vestem paletó e gravata, não sofrem de estresse e ganham de US$ 34 mil até US$ 60 mil por ano. “Não temos muitos grandes problemas aqui, nossa equipe é experiente. Esse trabalho é uma moleza”, diz Daniel, surpreso ao saber que, no Brasil, seus colegas têm alto nível de estresse e alcoolismo, rebeliões são frequentes, e drogas e armas entram nas cadeias com anuência deles. Outros quatro guardas, , sorriso no rosto e semblante relaxado, deram respostas semelhantes sobre a tranquilidade no emprego.
Se é verdade, o mesmo não pode ser dito dos presos, a maioria com sentenças de mais de dez anos de confinamento ou prisão perpétua, em segurança máxima. Apesar do ambiente limpo - o chão dos salões internos brilha -, de dividirem celas de 7 metros quadrados com apenas um interno e poderem circular na galeria e assistir a TV comunitária o dia todo, os 2.400 presos da USP não têm o que celebrar. Uniformizados, todos são obrigados a trabalhar 7h30 diárias em um dos ofícios disponíveis na prisão, como a fabricação de colchões para agências federais, Forças Armadas e calças camufladas de combate para o Exército Americano (US$ 29,75 cada par).
Diferentemente das prisões do Brasil, ninguém tem a pena reduzida em um dia a cada três trabalhados. A sentença do juiz não diminui. Ganham de 22 centavos de dólar por hora até US$ 1.15, no melhor dos casos, dependendo do serviço - o salário mínimo por hora na Geórgia é US$ 5.15. Muitos mantém a família da prisão, uns investem; outros economizam para quando saírem. O salário médio é de US$ 300 (R$ ). “Eles são extremamente bons no que fazem”, diz Lizette Quiles, ex-militar e hoje gerente da fábrica Atlanta Colchões, cujos 600 funcionários fazem 10 mil peças por mês em um galpão de 100m x 100m. Há lista de espera para atuar lá. Com o furacão Katrina, a produção aumentou e internos ganharam horas-extras, pagas em dobro.
Os presos têm direito a visitas duas vezes por semana, só podem falar ao telefone por 15 minutos seguidos, com cartões telefônicos. “A ligação cai”, explica um agente.
Nada de visitas íntimas. Isso pode significar anos e anos sem sexo. Masturbação também é considerada uma “violação” das regras e rende punição na “unidade de segregação” - 23 horas trancado e uma hora de recreação por dia. O objetivo é evitar o assédio de agentes femininas por internos. “Alguns têm desordem mental e sexual e esperam uma agente passar para fazer isso”, explica a séria capitã-secretária Tovia White. “Como mulher, você tem de exigir respeito dos internos: não quero ouvir ‘qualé?’, ‘E aí?’. Tem de me chamar de Sra. White ou Sra. Thomas, meu nome de solteira. Eles sabem que posso escrever um relatório de incidente. Também evito passar entre eles quando estão em grupo, porque posso ser tocada e é difícil saber quem foi.”
Mas em geral, os presos sabem se portar, dizem os agentes. “Os mais velhos seguram os mais novos”, diz o tenente Darryl Elder, formado em Contabilidade e ex-fuzileiro naval.
Tentativas de fuga da prisão são raras, mas acontecem, como em qualquer lugar. A última foi há dois meses. “Eles são muito engenhosos, você não acredita o que eles são capazes. Fazem cordas de papel higiênico molhado”, conta Tovia. Para evitá-las, além de punição exemplar para os flagrados, a penitenciária ostenta muros de 14 metros de altura, com cercas cortantes no topo. A guarda nas cabines dispõe de fuzis M-16, pistolas 9mm e escopetas, armas também usadas para tiros de alerta a fim de dispersar brigas. Os muros de 1,5m na base e 40cm no topo. Correntes de aço cruzadas acima do pátio impedem fugas espetaculares de helicóptero, como a de Escadinha de Ilha Grande, nos anos 1980.
Toda a tecnologia não faz de criminosos bons-moços, e apesar de não dispor de estatísticas oficiais, o grau de reincidência não é baixo, diz Daniel, 15 anos de atividade. “Vejo muitos voltarem. Pergunto: ‘Você não acabou de sair daqui há dois anos?’. Eles sempre têm uma história, uma explicação. Um me disse: ‘Saí com um amigo que teve uma briga. Disseram que fui eu e acabei preso.’ Respondo: ’Você acha que sou burro ou só tenho cara de burro?’ Se você foi preso e disseram que você agrediu alguém, as chances são de que você realmente agrediu, e talvez nem houvesse amigo nenhum’. O nome do jogo é ‘Não seja pego’. Se o cara foi pego, perdeu o jogo.”

 

A História do Contador, ou O Contador de Histórias

Charles Severance, afável e articulado grisalho de 49 anos, se formou como contador público em Atlanta, Geórgia, onde vive até hoje. Na verdade, há 3 anos e quatro meses Severance se mudou da casa onde morava, com mulher e dois filhos. Vive hoje em uma cela da Atlanta Camp, prisão de segurança mínima no complexo da USP, de segurança máxima. A mudança não foi planejada nem desejada; o contador fraudou o fisco, crime de sonegação de imposto de renda - 'colarinho branco' -, e foi preso. Julgado, acabou condenado a 65 meses (cinco anos e cinco meses) de prisão, sentença já reduzida a 57 meses. "Foi muito injusto. Era para eu pegar de 21 a 26 meses", garante. Cumpriu 40, faltam 17. "Já me sinto na boca para sair".
A vida na Atlanta Camp não é tão rigorosa quanto na USP. De tão 'branda' em comparação com a vizinha, a cadeia é conhecida como 'Club Fed', alusão ‘a rede de resorts Club Med. Lá ficam presos primários e com sentenças mais curtas, ou outros que se qualificaram por bom comportamento e redução de pena. "Em muitas cadeias desse gênero, não há nem muros: pintam uma linha no chão que é o limite", explica o tenente E. Daniel.
Severance se apressa em dar uma explicação para o seu encarceramento. "Minha mulher sofre de esclerose múltipla e usei todo o dinheiro dos meus clientes para o tratamento dela, porque o plano de saúde não cobria os remédios nos primeiros quatro anos. Eu pegava o dinheiro e atrasava o pagamento ao fisco. Mas pagava e tinha devolvido quase tudo quando fui pego. Foi por uma causa nobre, mas sabia que estava errado e que era ilegal", conta. Ele jura que a história é real, descreve os sintomas da mulher, que diz viver em cadeira de rodas, com lesões no cérebro por conta da doença. Segundo Severance, a mulher não o perdoa, se separou após a prisão e impede seu contato com os dois filhos, de 13 e 18 anos, que não vê desde a prisão.
O tenente E. Daniel, que supervisionou o trabalho do preso desconfia da história contada ao DIA. "O crime dele é sonegação, mas, pelo que sei, ele não tem mulher nenhuma doente nem ela tem nada a ver com a história. Os detentos inventam de tudo".
O mais difícil da vida na prisão, para Severance, é enfrentar o tédio. "Não é real como os dias passam devagar aqua dentro. Trabalho por uma ou duas horas limpando o vestiário. Depois não tenho nada para fazer. Vivo um dia por vez, só penso em hoje. E mesmo para passar cada dia, tento compartimentar meu tempo, e a cada duas horas, mudo de atividade: trabalho, faço exercício, leio muito e escrevo cartas para meus amigos e família. Não vou escrever nenhum livro, porque não quero reviver isso aqui."
Nos momentos de depressão, chora no escuro, em silêncio. "Aprendi a não deixar ninguém ver. Todo mundo chora. Quando as luzes se apagam, enfio a cabeça no travesseiro e choro. Sinto falta da minha vida."
Ele diz que o ambiente da prisão é muito negativo. Reclama de segregação racial entre os próprios detentos e de que os agentes fazem com que os presos se sintam pior, com gritos e humilhações. "Somos como gado, propriedades deles. Eles implicam, mandam você andar do outro lado. Na vez seguinte, fazem o contrário. É só para encher o saco. O tenente Daniel, por exemplo, é um dos piores. Ele gosta de mim, mas todo mundo morre de medo dele." O contador, porém, consegue ver benefícios da temporada na cadeia. "Tem coisas boas; passei a valorizar a vida muito mais, fiz bons amigos que quero rever depois, e me tornei mais humilde - era bem-sucedido e meio arrogante. Não vou voltar para cá, aprendi a lição", ri.
Ele já sabe qual é a primeira coisa que vai fazer quando sair da cadeia.
"Quero ver meus filhos. Vai ser estranho. Poder dirigir meu carro e parar em um sinal vermelho, e decidir depois se vou para a direita ou para a esquerda, poder ter a liberdade de escolher o que fazer. Vai ser ótimo."

ESTUDO COM DISCIPLINA
Trabalhar não é a única opção para os detentos da US Penitenciária de Atlanta. Como boa parte não completou os estudos, a prisão é uma oportunidade de fazer bom uso do tempo, que demora a passar. A escola também é obrigatória - como o trabalho. Se o preso recusar um ou outro tem como opção ficar na cela o dia todo. No ano passado, 80 completaram o nível médio em regime de supletivo, em aulas de 13h ‘as 18h.
“Muitos choram de alegria quando se formam. Eles fazem questão de tirar uma foto de formatura. Para alguns, essa é a única conquista e vitória na vida”, diz a professora Darlene Williams, supervisora da escola.
Os presos não perdem dinheiro por ir estudar. Também recebem, o equivalente ao nível 1 de pagamento por trabalho - para frequentar as aulas.
Entre os cursos disponíveis, além das matérias tradicionais, treinamento de como se portar em uma entrevista de emprego. Nas paredes, cartazes com dicas de como se elaborar um currículo - “faça em apenas uma página”, “inclua detalhes importantes, como fluência em Espanhol, por exemplo”.
A professora Darlene diz que se tivesse que optar entre ensinar na prisão ou nas ruas preferiria a cadeia. “Não toleramos nenhum tipo de indisciplina, e aqui eles sabem que podem ser expulsos da escola, diferente do que acontece lá fora. Também acho que os internos são mais focados e concentrados no estudo”, explica.
Embora a maioria dos alunos esteja em níveis elementares ou médio, há os que se candidatam a bolsas de estudos em universidades. Os cursos são ‘a distância, em programas por correspondência. “Atualmente são 12, em áreas diferentes, como Administração e Psicologia. Ajudamos a enviar o currículo e as provas. Avisamos ‘a escola que todo o material passará por nós.”

 

Âncora


Atlanta, Geórgia, quartel-general da CNN
Posted by Picasa

 

I have a dream


"I have a dream that my four children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character. I have a dream today."

Posted by Picasa

 

Free at last, free at last! Thank God Almighty, we're free at last!

Este é um dos mais belos e importantes discursos da História dos Estados Unidos.
Foi proferido por Martin Luther King, Jr., no Lincoln Memorial, em Washington D.C. (foto postada no blog em 23 de setembro), na grande marcha de 28 de agosto de 1963, por Direitos Civis e fim da segregação racial nos EUA. A página na internet inclui o áudio (comprei o DVD). É de arrepiar.

http://72.14.207.104/search?q=cache:fwpGlE9EHwQJ:www.americanrhetoric.com/speeches/Ihaveadream.htm+martin+luther+king+i+have+a+dream&hl=en

Trechos:
"Go back to Mississippi, go back to Alabama, go back to Georgia, go back to Louisiana, go back to the slums and ghettos of our northern cities, knowing that somehow this situation can and will be changed. Let us not wallow in the valley of despair. I say to you today, my friends, that in spite of the difficulties and frustrations of the moment, I still have a dream. It is a dream deeply rooted in the American dream.
I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: "We hold these truths to be self-evident: that all men are created equal." I have a dream that one day on the red hills of Georgia the sons of former slaves and the sons of former slaveowners will be able to sit down together at a table of brotherhood. I have a dream that one day even the state of Mississippi, a desert state, sweltering with the heat of injustice and oppression, will be transformed into an oasis of freedom and justice. I have a dream that my four children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character. I have a dream today.
I have a dream that one day the state of Alabama, whose governor's lips are presently dripping with the words of interposition and nullification, will be transformed into a situation where little black boys and black girls will be able to join hands with little white boys and white girls and walk together as sisters and brothers. I have a dream today. I have a dream that one day every valley shall be exalted, every hill and mountain shall be made low, the rough places will be made plain, and the crooked places will be made straight, and the glory of the Lord shall be revealed, and all flesh shall see it together. This is our hope. This is the faith with which I return to the South. With this faith we will be able to hew out of the mountain of despair a stone of hope. With this faith we will be able to transform the jangling discords of our nation into a beautiful symphony of brotherhood. With this faith we will be able to work together, to pray together, to struggle together, to go to jail together, to stand up for freedom together, knowing that we will be free one day.
This will be the day when all of God's children will be able to sing with a new meaning, "My country, 'tis of thee, sweet land of liberty, of thee I sing. Land where my fathers died, land of the pilgrim's pride, from every mountainside, let freedom ring." And if America is to be a great nation, this must become true. So let freedom ring from the prodigious hilltops of New Hampshire. Let freedom ring from the mighty mountains of New York. Let freedom ring from the heightening Alleghenies of Pennsylvania! Let freedom ring from the snowcapped Rockies of Colorado! Let freedom ring from the curvaceous peaks of California! But not only that; let freedom ring from Stone Mountain of Georgia! Let freedom ring from Lookout Mountain of Tennessee! Let freedom ring from every hill and every molehill of Mississippi. From every mountainside, let freedom ring.
When we let freedom ring, when we let it ring from every village and every hamlet, from every state and every city, we will be able to speed up that day when all of God's children, black men and white men, Jews and Gentiles, Protestants and Catholics, will be able to join hands and sing in the words of the old Negro spiritual, "Free at last! Free at last! Thank God Almighty, we are free at last!"

quarta-feira, outubro 05, 2005

 

Parte da História


Reverendo Williams, companheiro de luta e seguidor de Martin Luther King foi preso 18 vezes durante o movimento de Direitos Civis.
Aos 81 anos, trabalha no M.L. King Historic Site pelo National Park Service, fazendo a visita guiada da casa da família King (foto acima). O avô era o pastor mais bem pago do estado da Geórgia e a família morava no bairro negro mais rico dos EUA, entre "shotgun houses" (se derem um tiro de espingarda - shotgun - da porta da frente, a bala vai entrar a casa e sair pela porta de trás, sem atingir nada: Casas pobres) e as ricas. Dizem que a casa deles era de classe média, mas não: era rica. Seis quartos, ampla e tudo de mais moderno, aquecimento central, fogão a gás, etc.
Williams tem a voz negra do "deep, deep south", como se refere 'a Geórgia. A expressão traz a idéia de segregação racial, religiosidade e conservadorismo - Atlanta era a "capital" do Sul.
"Era um tempo perigoso. Se um branco dissesse que ia te matar, não era uma ameaça, era uma promessa", diz Williams, sobre a vida no Deep South até os anos 60.
"A História nem sempre é bonita. 'As vezes é rejeitada, 'as vezes refutada, embaraçosa, mas a História é a História. Muitos de nós eram agredidos, maltratados, presos, arrancados do carro, linchados."
Esta é parte da História da vergonha dos EUA.

Posted by Picasa

 

Ebenezer Baptist Church


Na casa de Luther King: Ebenezer Baptist Church, em Atlanta, onde avô, pai e ele pregaram por 80 anos. "A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça ‘a Justiça em toda parte."
Martin Luther King, Jr.
Posted by Picasa

 

Mestres da Paz

"Generations to come will scarce believe that such a one as this ever in flesh and blood walked upon this earth."
Albert Einstein, sobre Mahatma Gandhi.
Gandhi foi inspiração para a doutrina de não-violência adotada por Martin Luther King na luta pelos Direitos Civis nos Estados Unidos dos anos 1960.
Na entrada do centro Martin Luther King, há uma estátua de Gandhi, com quem o americano foi aprender na Índia. King ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1964.

"Gandhi was probably the first person in history to lift the love ethic of Jesus above mere interaction between individuals to a powerful and effective social force... I found in the nonviolent resistance philosophy of Gandhi... the only morally and practically sound method open to oppressed people in their struggle for freedom." Martin Luther King, Jr.

Discursos de apresentação de King pelo comitê do Nobel e de aceitação.
http://nobelprize.org/peace/laureates/1964/press.html
http://nobelprize.org/peace/laureates/1964/king-acceptance.html

p.s.: Inexplicavelmente, Gandhi jamais ganhou o Nobel.
Na entrega do Nobel de 1989 a Dalai Lama, o presidente do Comitê do Nobel compara os dois homens e comenta: "It would be natural to compare him with Mahatma Gandhi, one of this century's greatest protagonists of peace, and the Dalai Lama likes to consider himself one of Gandhi's successors. People have occasionally wondered why Gandhi himself was never awarded the Nobel Peace Prize, and the present Nobel Committee can with impunity share this surprise, while regarding this year's award of the prize as in part a tribute to the memory of Mahatma Gandhi."
p.s.2: O estado da Geórgia tem outro filho nobre, igualmente vencedor do Nobel da Paz, em 2002: o presidente Jimmy Carter, líder na luta por direitos humanos e paz no mundo.
(http://nobelprize.org/peace/laureates/2002/carter-bio.html)

 

Mahatma Gandhi


Resistência não-violenta
Posted by Picasa

 

Seminários de Jornalismo Online (Poynter Institute, NewsU)

Os cursos são ótimos, mesmo que 'as vezes possam parecer óbvios. É bom ser lembrado do óbvio. O projeto é patrocinado pela Knight Foundation e tem como alvo jornalistas que não podem ou não têm tempo para participar de seminários fora de sua cidade.
São inteligentes, bem-humorados e interativos, que podem ser completados em 1h a 3h, e nos fazem pensar em como fazer melhor nosso trabalho.
Tem cursos de entrevista, que dão dicas de como fazer as perguntas certas, ouvir melhor o entrevistado, etc.
"NewsU é o futuro do treinamento", diz o criador do projeto, Howard I. Finberg.
O site é newsu.org
Basta se registrar e começar o treinamento. A maioria absoluta é de graça e a taxa de satisfação é alta. 90% dos alunos acham que muito provavelmente farão outros cursos; 85% acham que ajudou no trabalho e 73% que foi extremamente útil.
Tente.

 

Bob Steele's questions for good ethical decisions (Poynter Institute, St. Petersburg, FLA)

1. O que eu sei? O que preciso saber?
2. Quais são as minhas preocupações éticas?
3. Qual é o meu propósito jornalístico?
4. Que políticas da empresa e linhas profissionais devo considerar?
5. Como posso incluir outras pessoas, com diferentes perspectivas e idéias diversas, no processo de decisão?
6. Quem são os acusados - aqueles afetados pela minha decisão? Quais são as suas motivações? Quais são legítimas?
7. E se os pápéis se invertessem? Como eu me sentiria se eu estivesse no lugar do acusado?
8. Quais são as consequências possíveis de minhas ações em curto e longo prazo?
9. Que alternativas maximizariam minha história e minimizariam o dano?
10. Eu posso justificar completamente a minha idéia e minha decisão para os meus colegas, os acusados e o público?

 

Febre aviária = 180 milhões de mortos

"É impressionante o que será capaz de fazer. Vai parar a economia mundial", diz Michael Osterholm, diretor do Centro de Pesquisas de Doenças Infecciosas

A Organização Mundial de Saúde (OMS) fez questão de negar oficialmente, na semana passada, a previsão do médico da ONU David Nabarro de que uma eventual pandemia da gripe aviária causada pelo virus H5N1 poderia matar até 150 milhões de pessoas no mundo - estimou entre 2 milhões e 7,4 milhões. A opinião do coordenador da ONU no combate 'a gripe aviária é, porém, partilhada por alguns dos maiores especialistas do mundo no assunto. Uma das maiores authoridades em Saúde Pública nos Estados Unidos, o diretor do Centro de Pesquisas de Doenças Infecciosas, professor da Universidade de Minnesota (EUA) e integrante do Conselho Nacional de Ciência em Biosegurança, Michael Osterholm, afirma que o número pode ser ainda maior, caso a doença deixe de ser transmissível apenas de aves para humanos e passe a ser contagiosa de pessoa para pessoa - o que ainda não foi registrado. Desde 2003, 66 pessoas já morreram na Ásia em decorrência da gripe. Osterholm é fatalista e prevê uma epidemia de grandes proporções.
"Não se quer tratar com o que está vindo por aí. A gripe pode matar 180 milhões de pessoas em um ano - o virus HIV da Aids matou 32 milhões desde os anos 70, por exemplo. É impressionante o que será capaz de fazer. Esse vírus muda um pouco a cada ano; começou em aves selvagens, mudou geneticamente e fez seu caminho até pássaros domésticos, que contaminaram o homem. O próximo passo é passar a ser transmissível de pessoa para pessoa", sentencia Osterholm, também diretor-adjunto do Centro Nacional para Proteção de Alimentos do Departamento de Segurança dos EUA. Especialista em bioterrorismo, Osterholm foi conselheiro pessoal do Rei Hussein, da Jordânia, até sua morte, em 1999, e do ministro da Saúde dos EUA, Tommy G. Thompson, entre 2001 e 2005, em bioterrorismo e Saúde Pública.
Segundo o epidemiologista, cedo ou tarde a pandemia (epidemia mundial) vai acontecer e hoje o mundo não está preparado para enfrentá-la.
A diretora-adjunta de Ciência do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) - em Atlanta (Geórgia) -, referência mundial em doenças infecciosas, Tanja Popovic, confia na ánálise de Osterholm, com quem já atuou no CDC. Tanja era a diretora do laboratório do CDC em 2001, quando atentados com a substância antraz mataram cinco pessoas e aterrorizaram os EUA, e o CDC comandou os esforços nacionalmente no tratamento de vítimas e pesquisas.
"Não se quer espalhar pânico, mas não se tem uma vacina para a gripe. A mortalidade é de 50%. Esse número de 150 ou 180 milhões é uma estimativa, o que é sempre difícil de dizer, mas é uma boa estimativa, com base no que se sabe. Acredito nos que estão trabalhando com isso, como Osterholm. O perigo e o temor é que o virus se torne transmíssível de pessoa para pessoa, o que não se pode garantir que vai acontecer. Mas esta é a maior ameaça 'a saúde pública hoje", afirmou Tanja Popovic.
Para Osterholm, o mundo não está mais bem preparado hoje do que estava na epidemia da gripe espanhola de 1918 e 1919, que matou aproximadamente 50 milhões. "Não temos remedios nem drogas. Estamos em uma situação muito parecida 'a de 1918, que pode matar da mesma maneira, e estamos muito próximos disso."
Segundo ele, a eclosão da doença "vai parar a economia mundial". "O vírus não para de mutar e se acostuma com humanos. As doenças infecciosas são internacionais. As barreiras políticas não significam nada."
Osterholm diz que não há comparação plausível com Sars. "Sars não é doença difícil de se controlar. Houve 8 mil casos e 800 mortes. Não é bom, mas não é uma epidemia." Segundo ele, a pandemia vai acontecer. "É como um tsunami."


NOVOS ATAQUES TERRORISTAS COM ARMAS BIOLÓGICAS SÃO QUESTÃO DE TEMPO

Não é só sobre a gripe aviária que o epidemiologista Michael Osterholm tem opiniões polêmicas. Ele não crê na invenção de uma vacina para a cura do HIV, o virus da Aids, nos próximos 40 anos. "Não acredito que tenhamos uma vacina enquanto eu estiver vivo."
Especialista em bioterrorismo, Osterholm está certo de que novos ataques terroristas com armas biológicas são uma questão de tempo. "Terroristas vão usar armas biológicas novamente. Tenho certeza de que vai acontecer de novo. Não se podem prevenir ataques biológicos, e o problema é que causa pânico. Houve 22 ataques com Antraz e só cinco mortes, que quase derrubaram os Correios dos EUA."
Em 11 de setembro de 2000 - exatamente um ano antes do ataque terrorista que destruiu as Torres Gêmeas em Nova Iorque e parte do Pentágono, em Washington D.C. -, ele lançou escreveu um livro em que alertava para os perigos do antraz, usado por terroristas depois do 11 de setembro.
Segundo o epidemeiologista, o fim de programas da União Soviética na área cria instabilities e deixou especialistas "desempregados". "Para algumas pessoas seria relativamente fácil, se você está no negócio. Há alguns tipos de bactérias, em grande quantities, que são altamente letais, e doenças sob controle como varíola, que podem ser usadas com propósitos terroristas", diz Osterholm.

CDC VIROU CASA DE CIENTISTAS DURANTE ATAQUES DE ANTRAZ
Manipulação e pesquisa de antraz são dia-a-dia de alguns dos laboratórios mais modernos do mundo
Quando os ataques terroristas usando antraz aconteceram nos Estados Unidos, matando cinco pessoas e ameaçando o Congresso do país, os laboratórios código de segurança número 3 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em Atlanta, viraram a casa de 43 cientistas por três semanas. A médica croata Tanja Popovic, com pós-doutorado em Microbiologia, coordenou a equipe e pôs a mão na massa, fazendo testes que confirmavam ou não a existência de antraz em amostras.
"O telephone não parava. Ora era o FBI, ora era o prefeito de Nova Iorque, Rudolf Giuliani querendo informações. Nós descansávamos por algumas horas em colchões na sala de reuniões e deixávamos a comida em duas geladeiras e freezers na outra salinha, porque não podíamos sair do prédio", lembra.
Embora haja métodos específicos de segurança para o transporte de agentes biológicos, ela contou que uma das amostras foi trazida de carro da Flórida, estado vizinho, por um agente do FBI, até o CDC. "Havia outros institutos ajudando, mas nós dávamos a palavra final. Estávamos preparados", explica ela, uma mulher de movimentos rápidos, voz imperiosa e pouca paciência.
Desde os atentados, os laboratórios - onde as fotos são proibidas -, têm vigilância constante e sistemas de segurança sophisticados, como o reconhecimento das feições de uma pessoa para poder entrar em determinadas áreas. O CDC, que acaba de inaugurar as instalações mais modernas do mundo para a área, reúne amostras das mais letais bactérias e vírus em pesquisa.
Durante as primeiras semanas dos episódios de antraz, ela praticamente não foi em casa. "Meu filho de 21 anos me ligou para saber se eu estava bem, viva. E um filho de 21 anos não costuma ligar para saber da mãe. Foi intenso e empolgante, ninguém reclamou."
O DIA presenciou a manipulação e testes com colônias de milhões de bactérias de antraz Altamonte tóxicas em um dos laboratórios de código 3 de segurança do CDC. Para manipular as pequenas caixas de plástico de 10 cm de diâmetro, o pesquisador usava roupa estéril, máscara estilo capacete, com respirador artificial ligado a uma máquina por um tubo, e duas camadas de luvas em cada mão - as externas substituídas a cada diferente material manipulado -, além de proteção para os sapatos. O ar do laboratório é diferente daquele do restante dos laboratórios.
O tratamento para antraz requer altas doses de antibióticos, e o diagnóstico precoce é essencial. Depois de um determinado estágio, o paciente tem uma melhora súbita, que, na verdade, é o prenúncio da morte. "É um ponto sem volta."

This page is powered by Blogger. Isn't yours?