sábado, novembro 05, 2005

 

'Here comes the story of the Hurricane, The man the authorities came to blame...' (Bob Dylan)

Os furacões são tão frequentes na Flórida, que o Miami Herald, maior jornal da cidade, tem um plano específico para a cobertura desses eventos. Abaixo seguem as dicas de Judith Miller, editora de Geral que tem o mesmo nome da polêmica repórter do New York Times presa por não revelar nome de fonte. É ela quem organizada o esquema de cobertura de furacões do diário.
Segue uma espécie de manual, com dicas - algumas óbvias, outras nem tanto - de como se preparar para uma catástrofe anunciada.
Um segredo para o sucesso é artigo escasso: leva o nome de dinheiro.
(Aviso: É longo, mas instrutivo. Se não quiser ler, pule)

1. Definir quem faz que matérias e o espaço
2. Logística: Comunicação, gasolina, dinheiro vivo, água, comida, telefones, laptops, equipamento em geral
3. Instalações físicas: É preciso ter uma opção para o caso de o prédio do jornal ser atingido pelo desastre natural. Deve-se ter capacidade de operar, não se pode acreditar que tudo vai funcionar e o prédio vai ficar de pé, com energia elétrica.
É preciso definir como as pessoas vão se comunicar.
Também é importante ter muito dinheiro em mãos, porque em momentos como esse, de crise, os caixas eletrônicos rapidamente ficam sem dinheiro.
As bombas nos postos de gasolina também secam, por causa da intensa demanda.

Dicas:
1. Tenha um plano antes da estação dos furacões e o atualize duas vezes. Faça com que ele faça parte de seu orçamento anual. Inclua laptops e telefones de satélite.
2. Planeje para o pior, torça pelo melhor: falta de energia, de telefones e prédio afetado pela tormenta. Aconteceu em Biloxi, a 100 milhas de Nova Orleans, com o jornal do grupo Knight, por uma semana. O Miami Herald tem um acordo com um hotel para transferir seu equipamento para lá, no caso de necessidade. Funcionária como uma espécie de "redação reserva", outro jornal em uma área diferente.
3. Equipamento: Geradores, celulares, com baterias, adaptador de energia para carregar celulares no carro, picape com tração 4x4, com adaptador para recarregar cels e laptops. "Vencemos a competição ano passado em 4 furacões", diz Judy Miller.
As antenas de celular são afetadas e caem as linhas. Neste caso, tenha Nextel com baterias reservas. Muitas vezes, os telefones por satélite estão em "nuvens", onde não pegam. Neste caso, use os bons e velhos "orelhões", os "macacos", como chamavam os companheiros antigos. Em Miami, por exemplo, têm um sistema elétrico diferente dos outros telefones e sobreviveram a muitos furacões sozinhos. Use mensagens de texto, que continuam a funcionar por vezes quando o cel não funciona.
4. Próprios recursos de alimentação.
Tenha sempre comida e água para ao menos 48h. Barras de energia, Gatorade, tubos de vitaminas e antibióticos, kit de primeiros-socorros, roupas (descartáveis), meias, sapatos adequados e equipamento que possa ajudar - lanterna. "Um repórter carregou uma serra-elétrica... e usou!!! Disse que teve de cortar um tronco de árvore no meio do caminho." Tenha sempre uma mochila pronta com mudas de roupas para alguns dias.
5. Dinheiro vivo.
Você não pode ser o editor-chefe de um jornal e não poder ter dinheiro rapidamente, se necessário. 'As vezes é preciso dinheiro para alugar ukma lancha, um helicóptero, subornar um cara, para consertar um pneu."
6. Determinar previamente as tarefas e áreas de cobertura de cada um.
Pré-paute os repórteres por zona geográfica. Assuma que você não vai poder se comunicar com eles no meio-tempo. Pré-pautados, eles vão desenvolver certo conhecimeto sobre o local e fazer os contatos e relacionamentos necessários.
7. Os "âncoras", ou os pegadores de matérias
Mantenha os âncoras em um lugar fixo, online. Eles vão receber por telefone as informações do repórter que está na rua e escrever o texto a partir delas. Faça com que os repórteres liguem constantemente para atualizá-las.
8. Repórteres não podem sair do lugar sem gasolina. O Herald estabeleceu relação com um fazendeiro que tem uma bomba de gasolina e fornece combustível reserva para os carros do jornal quando há emergência. Tudo isso tem que acontecer com antecedêncoa: é impossível conseguir essas coisas em meio ao caos.
9. Mantenha os jornalistas seguros. Nada de heroísmo. Não se pode correr atrás de uma tempestade, tornado ou furacão. Há margem de erro de 100 milhas. Mantenha pessoas próximas a essa área, cerque-a com repórteres, deixe a tempestade acontecer, com as pessoas em segurança e então vá atrás. "Não se coloque em perigo: um repórter morto é um mau repórter", diz o editor de fotografia.
10.6. O primeiro momento é dos repórteres empreendedores e corajosos, pé-de-boi, que se viram e trazem a informação, sob qualquer circunstância. Qual é o papel da equipe de investigação? Por quê? O quê? Quem é reposnsável? Estes podem ir depois.
11.7? Dê informação-serviço.
Como obter ajuda, escolas, comida. Nessas ocasiões, os jornais se tornam ainda mais poderosos e importantes do que nunca. As pessoas estão isoladas, sem saber o que está acontecendo e querem ter notícias e entender. É o momento da utilidade pública. Antes do furacão, é preciso que o jornal avise e explique o que vai acontecer e ensine ao leitor como se preparar, ter água tratada e como evitar mortes estúpidas, por exemplo por intoxicação por monóxido de carbono de geradores. "Nós salvamos vidas", diz Judy.
12.8. Mande répórteres com bom texto - bons escritores, good writers - sem nenhuma tarefa específica - no assignment - além de encontrar histórias interessantes. Eles vão encontrar matérias surpreendentes. Nosso repórter encontrou uma mulher com câncer, que tinha perdido a casa e tudo o que tinha, inclusive o aparelho com que se tratava com quimioterapia e do qual sua vida dependia. Sua cara era o retrato da destruição.
Normalmente há mais repórteres do que fotógrafos nessas coberturas.
Queremos cobrir antes do storm. Uma vez no Hummer, o cara vai dirigir até poder transmitir todas as fotos de uma vez, com tudo o que precisamos. "Eu não quero um monte de fotos, quero o melhor. Não me interessa o que te custe. Não quero 50 fotos da mesma coisa: preciso de 3 boas imagens."
É preciso dar 'as pessoas as ferramentas para que possam ter sucesso.
Temos 5 telefones por satélite, que variam de US$ 4 mil a US$ 7 mil. Na temporada dos furações, pedimos os telefones de Washington D.C. também. Laptops, bat wings. O computador precisa estar configurado, o que leva um dia. US$ 2.600
Laptops: US$ 600-US$ 800. Os que aceitam cel SAT custam US$ 1.200 e precisam ser configurados.
Tel satélite: É preciso assinar o serviço e pagar mensalmente por ele cerca de US$ 70. A qualidade do serviço depende de onde sua base está instalada no mundo e se o local foi afetado. Qualcomm é baseada em San Juan, Porto Rico.
O preço do minuto é US$ 10. Uma foto demora de 6-8 minutos para ser trnasmitida pelo SAT. Repórteres inexperientes são colocados para trabalhar com experientes

Se algo der errado, não perca a cabeça. Algo sempre vai dar errado e coisas vão ser perdidas. Por isso é bom sempre levar dois de cada item: 2 baterias, 2 cabos de telefone...
Combine horários e pontos de encontro.
Seja amigo dos militares e do pessoal que está prestando socorro. Eles precisam ser empreendedores e tem equipamento. São os primeiros a chegar ao lugar. As agências de socorro - Bombeiros, Polícia, Cruz Vermelha - têm planos de emergência para essas situações. Pegue alguém que seja especializado. Essa pessoa vai te ligar dias antes e avisar. Eles podem te ajuda muito. Uma carona e helicóptero pode ser essencial.

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