terça-feira, novembro 08, 2005

 

Atobá-pardo, Tesourão (ou Alcatraz)

Quem não viu Alcatraz, fuga impossível? Perdeu.
É talvez o único filme de Clint Eastwood em que ele parece ser bom ator, embora interprete o personagem de sempre. É o clássico sobre a mais famosa prisão americana, The Rock, título de filme com Sean Connery.
Abrigou o gângster de Chicago Al Capone, que, segundo outros detentos, perdeu a cabeça mas não a moral em Alcatraz, onde todo mundo era igual - como nem o comunismo conseguiu fazer. Com ele não tinha brincadeira. Era bem maior que Robert de Niro em Intocáveis. "Al Capone era um lutador de rua, um cara grande e em forma, mas sua cabeça estava perdida."
Os 1571 iguais - alguns dos principais criminosos dos EUA - que passaram por lá foram mandados para a ilha próxima de San Francisco, Califórnia para expiar seus pecados. 260 por vez povoavam as celas da ilha.
Um guarda para cada três presos. "Foi feita para ter cada detento sob a mira de uma arma", explica um ex-agente. Os detentos tinham direito a uma visita de 1h40 por MÊS e duas horas livres por SEMANA - uma no sábado e uma no domingo. Além de jogar handball (bola de frescobol batida com a palma da mão contra a parede, espécie de squash com as mãos), softball, xadrez e damas, aproveitavam para bater papo, praguejar e planejar fugas impossíveis. Não podiam fumar nem beber, teoricamente.
Como em toda a sociedade americana na época, Alcatraz era segregada: brancos de um lado, negros de outro. Nada de integração.
O mal do inferno é a proximidade do paraíso. "Não tinha um dia em que você não notasse que diabos estava perdendo, ao ouvir as vozes e ver San Francisco através das grades, a apenas 1 milha de distância. Podia-se ouvir as meninas rindo e todos os sons do mundo livre", conta um preso.
Como tudo na vida, um dia acaba.
"Dia 26 de outubro de 1962, depois de 15 anos sem visitas, eu, Whitey, estava livre. Dei bom dia ao guarda e ele perguntou por quê. 'É um dia bom pra cacete!, porque estou saindo daqui.'
Fiquei trancado por 15 anos, sem visita, sem cartas, sem nada. Me assustei com os carros correndo, as pessoas andando, tudo se movendo tão rápido... Eu me lembro de como eu senti inveja porque todo mundo tinha um destino, todos eles estavam indo para algum lugar, e eu não sabia aonde estava indo. E eu estava morrendo de medo."

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