quarta-feira, setembro 21, 2005

 

It's over, Bob!

Conheci o mito, almocei com ele, fiz perguntas e ele respondeu.
O ícone do jornalismo investigativo em questão é Bob Woodward, repórter e editor-executivo-assistente do Washington Post: o homem que, ao lado de Carl Bernstein, derrubou o presidente dos EUA Richard Nixon, em agosto de 1974, depois de mais de um ano de matérias sobre o caso que ficou conhecido como Watergate. A história foi registrada em livro e em filme - com Robert Redford e Dustin Hoffman - sob o nome de "Todos os Homens do Presidente", e é talvez o caso mais clássico e bem-sucedido de investigação da história do jornalismo.
Bob Woodward poderia ser um dos grandes nomes do passado, mas não. Escreveu dez livros, oito dos quais foram o número 1 em vendas no país, e continuou a atuar como repórter em todos eles. Li Os Comandantes, excelente retrato da formação da equipe de guerra do Bush pai - quase a mesma do filho: Rumsfeld, Cheney, Powell, Wolfowitz -para a guerra do Golfo. Ele descreve os bastidores de todas as reuniões e decisões de cúpula com precisão impressionante e riqueza de detalhes relevantes, como se estivesse na cabelça dos personagens. Woodward explica nos livros parte da sua apuração.
Os dois últimos sucessos são Bush at War e Plan of Attack, sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque.
O jovem oficial da Marinha resolveu virar repórter, talvez em parte por influência de um senhor alto, esguio e elegante que um dia cruzou com ele em uma sala da Casa Branca, e lhe concedeu alguns minutos de atenção e o cartão de visitas. Era do FBI. Chamava-se Mark Felt. Pode chamá-lo de Deep Throat, Garganta Profunda.
Woodward não sabia então, mas esse homem mudaria sua vida.
Seria anos depois, como vice-diretor do FBI, peça-chave na montagem do quebra-cabeças do Washington Post que levou 'a renúncia de Nixon, após demonstrada a participação dos principais assessores presidenciais num esquema de espionagem e sabotagem dos Democratas pelos Republicanos de Nixon, nas eleições presidenciais.
O segredo da verdadeira identidade do Deep Throat foi guardado por três pessoas por mais de 30 anos: Woodward, Bernstein e Ben Bradley, editor do Post de 1965 a 1991.
No dia da revelação, os três se encontraram na sede do jornal, em Washington DC e se deram um longo e emocionado abraço.
Há alguns meses, aos 91 anos, Deep Throat resolveu dizer que foi ele, mas não ao Washington Post. Woodward jura que não ficou bravo. "Fiquei surpreso, não preciso nem dizer, e preocupado se tinha sido realmente ele ou a família que fez ele dizer isso. Um editor veio até mim, me segurou pelo pescoço e disse: Acabou, Bob!"

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