quinta-feira, setembro 01, 2005

 

FBI, de Al Capone a Al Quaeda: Mudança de Prioridades

Se os tempos de caçada a mafiosos como Al Capone, narcotraficantes e criminosos de colarinho-branco não acabaram para o FBI (Federal Bureau of Intelligence), foram para o fim da lista de atividades da polícia federal americana.
Os desafios atuais passam longe da atuação histórica do órgão que rendeu fama a Eliott Ness e Mark Felt ("Garganta Profunda, que ajudou a derrubar o presidente Richard Nixon, em 1974, e só se revelou este ano). As prioridades máximas hoje são contra-terrorismo e contra-inteligência - neutralizar possíveis ameaças de outros países. "Estamos determinados a não deixar que outro 11 de setembro aconteça
novamente. Vamos evitar outro ataque terrorista. E teremos sucesso, como temos tido. Ponto final", disse o chefe do FBI em Minneapolis, Dakota do Norte e do Sul, agente especial Michael Tabman. Ele não disse, por razões de confidencialidade, se algum ataque já foi evitado por conta do trabalho de inteligência.
O FBI e todo o sistema de defesa americano passaram por grandes mudanças após o atentado do World Trade Center, em 2001. "Mudou o FBI, mudou a América". Além da transferência de pessoal para o combate ao terrorismo e da contratação de centenas de tradutores, uma das principais medidas foi o fim das barreiras de comunicação etre os diversos órgãos de polícia e inteligência no País. "Esse muro está eliminado. Buscamos inteligência e compartilhamos informações com a polícia e outras agências nacionais de inteligência (são 15). Falo todos os dias com os chefes de polícia, trabalhamos em forças-tarefas, juntando especialistas, e essas parcerias nos fazem mais fortes. E acho que isso não volta mais atrás", afirmou Tabman, segundo quem antes de 2001 até mesmo dentro do FBI divisões não intercambiavam informações por medo de vazamento.
PARA FBI, CADA DIA SEM ATAQUE É UMA BATALHA VENCIDA
Para o federal, o 11 de setembro serviu para mostrar ao Bureau suas
fraquezas e mudá-lo para melhor. Ele se vê em uma batalha diária, que
vem sido vencida.
"É uma espécie de guerra. Defino vitória nesta guerra como cada dia em
que não temos um evento terrorista e em que a população se sente
segura. Não tivemos nenhum ataque desde 11 de setembro. Se desistirmos
do nosso modo de vida, teremos perdido, porque é o que querem. Não
deixaremos que isso aconteça".
Tabman não vê tanta diferença na essência do trabalho de antes.
"Terroristas são criminosos, 'as vezes ajudados por governos, mas são
criminosos." Sobre um possível erro do FBI em 11 de setembro, fez um
mea-culpa. "Não dizemos que somos perfeitos. Talvez tenhamos errado,
mas fazemos o melhor possível".
Perguntado sobre quais as chances de um novo ataque em solo americano,
o policial mostrou-se relativamente tranquilo.
"NÃO HÁ NENHUMA INDICAÇÃO DE ATAQUE"
"Estamos muito confiantes, mas nunca garantimos nada. Precisamos estar
certos 100% das vezes. Eles só precisam estar certos uma vez. Mas
atualmente não há nenhuma indicação de ataque. Tomamos medidas
extraordinárias, estamos mais alerta e como conhecemos o método, passa
a ser muito mais difícil que algo do gênero se repita." Para o agente
especial Paul McCabe, porta-voz do FBI, "o bureau nunca esteve tão
preparado quanto agora em sua História para responder".
AGENTE DO FBI NÃO CONDENA MORTE DE BRASILEIRO
O chefe do FBI em Minnesota, Michael Tabman, não quis comentar a
política de atirar para matar em casos de suspeita de terrorismo
adotada pelo sistema de segurança anti-terror no Reino Unido, que
resultou na morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, em julho, a
tiros. Jean recebeu oito tiros na cabeça, após ser confundido com um
terrorista no metrô de Londres. "Não comentamos a política de outras
agências". O princípio adotado pelo FBI, afirmou, é de atirar apenas
"no caso de ameaça iminente 'a vida humana".
Pode-se tomar a decisão errada, e ainda assim, estar certo
Policial por três anos antes de entrar para o FBI, Tabman ponderou as
circunstâncias em que agentes atuam. "O policial enfrenta situações de
tensão e medo, e é difícil entender sem que se passe por elas. Se você
pára um carro, e a pessoa puxa um objeto metálico, é difícil saber se
não é uma arma. Pode-se tomar a decisão errada e ainda assim estar
certo. Embora algo terrível possa acontecer", afirmou.
(Matéria publicada no DIA em 11 de setembro, 4o aniversário do ataque terrorista 'as Torres Gêmeas)

Comments: Postar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?