quinta-feira, setembro 29, 2005

 

Bush e Lula, encontro de estrelas cadentes

Quando o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, aterrissar o Air Force One no Brasil, em 6 de novembro, para visita oficial a Luiz Inácio Lula da Silva, será o encontro de duas estrelas cadentes. Crises internas de naturezas diferentes em seus países levam ambos hoje a amargar altas taxas de rejeição e a atingir os mais baixos indices de aprovação de seus governos. A dor-de-cabeça de Lula, conhecida de todos, é “Mensalão”, com todos os ingredientes suspeitos de corrupção e illegalidades de campanha supostamente operados pelo empresário Marcos Valério, para o PT e aliados; o drama de Bush tem nome de mulher, Katrina, e força de furacão. A inepta resposta da administração ao desastre natural que arrasou Nova Orleans e outros estados do sul do país foi a gota d’água e a válvula de escape para insuflar a crescente oposição e insatisfação interna com a Guerra do Iraque e as políticas conservadoras de Bush, inclusive no terreno da religião.
A principal diferença entre os problemas dos dois chefes de Estado, entretanto, é o estágio de seus governos e a distância das eleições. Sob esse aspecto, Lula está em situação muito pior que o colega do norte. O presidente brasileiro está a um ano da disputa pela reeleição, em meio ‘a mais grave crise política de um governante desde a queda de Fernando Collor de Mello, em dezembro de 1992. Seu principal homem-forte e braço-direito, José Dirceu, renunciou em meio a denúncias de corrupção, a cúpula do PT caiu e sua própria campanha é suspeita de ter usado dinheiro sujo, sem registro. O partido tenta se restabelecer, com a imagem abalada e perda de componentes históricos. Bush venceu sua segunda disputa pela Casa Branca ano passado, reelegeu-se, e tem mais três anos pela frente. Não pode disputar novamente o cargo e uma eventual derrota em 2008 não seria pessoal.
A imagem do presidente Americano, normalmente ruim no exterior, parece ruir internamente também. Pesquisa das revistas Time e Newsweek nas semanas seguintes ‘a tragédia mostrou que Bush obteve seu recorde negativo - 42% e 38% de aprovação - após o Katrina, provavelmente tonificando a já existente insatisfação com a Guerra.
A demora do Governo federal Americano em antever a gravidade do problema e tomar medias prévias - apesar de alertas -, e depois em reagir ‘as consequências da inundação com rapidez, derrubaram os indices de popularidade de Bush e puseram em cheque sua capacidade de liderança. A conduta pessoal do presidente também tem sido criticada. Ele demorou três dias para suspender suas férias no Texas e passar a tratar pessoalmente do problema - mesmo assim, no primeiro dia, só sobrevoou a área, sem descer.
A idéia de muitos americanos é que o governo federal foi negligente porque a maioria da população atingida é pobre e negra. Entre integrantes de minorias raciais, 65% acreditam que a resposta não foi tão eficiente quanto poderia porque se tratava de negros. Número igual de brancos, porém, discorda.

EUA, PAÍS DIVIDIDO
“United my ass!” (Unidos é o cacete), dizia o adesivo usado por uma manifestante no protesto anti-Guerra, domingo passado em Washington D.C., a apenas centenas de metros da Casa Branca. Os Estados Unidos são hoje um país extremamente dividido e com os nervos ‘a flor da pele.
A polêmica eleição de George W. Bush em 2000 - após demora na apuração e denúncias de fraude electoral -, a política externa aggressiva, marcada por duas guerras e pela batalha contra o terrorismo, e a reeleição no ano passado acirraram os ânimos na política Americana. A rivalidade entre eleitores conservadores (identificados com o Partido Republicano, de Bush) e liberais (a favor do partido Democrata) tem crescido e gerado debates inflamados pelo país - são as duas principais forças políticas nacionais. É comum ouvir nas universidades e ruas críticas contundentes a Bush.
Grupos anti-Guerra e pró-Guerra debatem. Cindy Sheehan, mãe de um soldado morto no Iraque, acampou na porta do rancho do presidente e ganhou as páginas dos jornais antes da Katrina, provocando o debate sobre a Guerra e trazendo ‘a tona ecos da traumática Guerra do Vietnã.
Como há muito tempo não se vê, os EUA estão claramente divididos. Há raiva e descontentamento.
A divisão é até geográfica: tem cores e tudo. Os estados do país são hoje divididos entre Vermelhos (Republicanos) e Azuis (Democratas), conforme os resultados das últimas duas eleições presidenciais e retrato do sistema eleitoral Americano, composto por colégios eleitorais - candidato vencedor da maioria de votos em um estado conquista aquele colégio electoral.
As cores surgiram na TV, para facilitar o entendimento dos espectadores sobre quem liderava em qual estado, e se fixaram no imaginário popular. As differenças políticas e ideologicas entre os estados são mais claras do que podem parecer. Os EUA são um enorme país cheio de disparidades regionais. Os estados do norte e os principais centros urbanos, como Nova Iorque, Washington D.C. (capital), Massachusetts e California são tradicionalmente liberais (azuis). A América Profunda, como é conhecido o Sul dos Estados Unidos, região conservadora e religiosa protestante, integra a América vermelha, que elegeu e apóia Bush.
O jornalista Steve Berg, do Star Tribune, maior jornal de Minnesota, faz uma metáfora extremada para ilustrar o tipo de diferença entre as regiões do país.
“Os estados vermelhos têm como ícone o caubói, John Wayne; os do norte, gostam do almofadinha Cary Grant. Os vermelhos são pelo campo aberto, vida rural, o azul é a cidade grande e a cultura. O vermelho é o individual, o azul é pela comunidade. O vermelho é pela liberdade de se fazer o que se quer, sem dar satisfações a ninguém; o azul é pela ordem social planejada. Vermelho quer a exploração dos recursos naturais; o azul é pela preservação. O vermelho é o músculo, o azul é o cérebro”, brinca, sabendo estar fazendo uma generalização.

RELIGIÃO E POLÍTICA
Não são só a política externa e a guerra que desagradam. A suposta mistura de política com religião, proibida pela constituição norte-Americana, é outro tema de ataques de liberais, que alegam o uso da máquina governmental em benefício de programas assistenciais por intermédio de grupos religiosos, na grande maioria protestante. “O presidente diz-se um cristão evangélico renascido e tem o apoio de boa parte da comunidade protestante conservadora nos EUA”, explica o professor de Religião em Harvard, Richard Perkin.
A religião desempenha um papel fundamental na política nacional. Os EUA são um país extremamente religioso, ele alerta, citando os 92% de americanos que acreditam em Deus, segundo pesquisa do Instituto Gallup.
Bush incorpora a noção do americano cristão médio e se beneficia do fato de 85% da população ser cristã (60% protestante e 25% católica).
A religiosiosidade do presidente se revela não apenas nos discursos muitas vezes encerrados pela frase “Que Deus abençoe a América”, mas em suas próprias justificativas de decisões fundamentais. O jornalista e escritor Bob Woodward, do Washington Post - famoso pela investigação do Caso Watergate, que levou ’a renúncia do presidente Richard Nixon, em 1974 -, conta que quando perguntou ao presidente que conselhos recebera do pai, ex-presidente George Bush, antes da Guerra ao Iraque, foi surpreendido com uma resposta religiosa. “Quando se trata de força, eu apelo a um Pai superior.”
Questões como aborto, pesquisa de células-tronco e o ensino nas escolas da doutrina do Creacionismo, ou Criação Inteligente - segundo a qual Deus criou o Universo e que contesta as noções científicas de Big Bang e Evolução - têm sido debatidas exaustivamente nas universidades, entre politicos e nas páginas de jornais. Bush tem posições conservadoras na maioria dos casos. No episódio da morte de Terri Schiavo - vítima de estado vegetativo por 15 anos, que teve a hidratação suspensa por determinação da Justiça, a pedido do marido, Bush falou publicamente contra a retirada dos tubos de hidratação.

Comments:
Bonjorno, raphaelgomide.blogspot.com!
[url=http://viagraenat.pun.pl/ ]Compra viagra generico[/url] [url=http://cialisdkee.pun.pl/ ]Compra cialis generico[/url] [url=http://viagraycla.pun.pl/ ]Acquistare viagra online[/url] [url=http://cialisonya.pun.pl/ ]Comprare cialis generico[/url] [url=http://viagrareta.pun.pl/ ]Acquistare viagra online[/url] [url=http://cialisybea.pun.pl/ ]Acquistare cialis online[/url]
 
Postar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?