quinta-feira, novembro 10, 2005

 

Dois em um


Esporte comum em Saint Paul, MN: cooper com carrinho de bebê
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O Outono é Amarelo


Folhas de Maple tree
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Flagrante: Fall in Minnesota


Estamos no outono. A foto é de uma folha em plena queda
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A cara da ira francesa


Poster
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O Ódio

Mathieu Kassovitz antecipou em 9 anos a onda de violência e vandalismo na França. Ele é o diretor de "La Haine" (O Ódio), duro filme que trata de uma sociedade que insiste em que "até aqui tudo vai bem". E tudo nunca continua como está. Sempre piora, se ninguém faz nada.
Conhecemos bem esta história; os franceses estão conhecendo agora.
É a cobrança da dívida colonial. É fácil imperar, dividir, ocupar.
Argélia, Marrocos, Tunísia, Senegal... Não eram França? Pois. Mas não franceses.
Incômodos imigrantes, eles foram para 'casa'. São os filhos desses solos agora moradores dos subúrbios, muçulmanos, mão-de-obra parisiense.
Falam árabe, falam francês. Escarram francês, cospem palavrões, gritam ódio e ressentimento.
No filme, metáfora, há o árabe, o negro, o judeu.
A anedota que permeia a história tem a seguinte moral:
"É a história de uma sociedade em queda e que 'a medida que cai, repete incessantemente para si mesma, para se certificar: até aqui tudo vai bem, até aqui tudo vai bem, até aqui tudo vai bem. O importante não é a queda, é a aterrissagem." * (Tradução livre)
Que a gente no Brasil não continue a achar que tudo vai bem até aqui.
Ainda pode piorar.

* "C'est l'histoire d'une societé qui tombe et qui au fur et à mesure de sa chute se répète sans cesse pour se rassurer: jusqu'ici tout va bien, jusqu'ici tout va bien, jusqu'ici tout va bien. L'important c'est pas la chute, c'est l'atterissage."

P.S.: Um pied-noir (francês nascido na Argélia) estimado pelos franceses, Albert Camus, escreveu O Estrangeiro, romance sobre um árabe que cometeu um assassinato por quase nada e é condenado talvez porque não tenha chorado no velório e enterro de sua mãe. O começo do livro revela o caráter do personagem. "Hoje, minha mãe morreu, ou talvez ontem."

terça-feira, novembro 08, 2005

 

Atobá-pardo, Tesourão (ou Alcatraz)

Quem não viu Alcatraz, fuga impossível? Perdeu.
É talvez o único filme de Clint Eastwood em que ele parece ser bom ator, embora interprete o personagem de sempre. É o clássico sobre a mais famosa prisão americana, The Rock, título de filme com Sean Connery.
Abrigou o gângster de Chicago Al Capone, que, segundo outros detentos, perdeu a cabeça mas não a moral em Alcatraz, onde todo mundo era igual - como nem o comunismo conseguiu fazer. Com ele não tinha brincadeira. Era bem maior que Robert de Niro em Intocáveis. "Al Capone era um lutador de rua, um cara grande e em forma, mas sua cabeça estava perdida."
Os 1571 iguais - alguns dos principais criminosos dos EUA - que passaram por lá foram mandados para a ilha próxima de San Francisco, Califórnia para expiar seus pecados. 260 por vez povoavam as celas da ilha.
Um guarda para cada três presos. "Foi feita para ter cada detento sob a mira de uma arma", explica um ex-agente. Os detentos tinham direito a uma visita de 1h40 por MÊS e duas horas livres por SEMANA - uma no sábado e uma no domingo. Além de jogar handball (bola de frescobol batida com a palma da mão contra a parede, espécie de squash com as mãos), softball, xadrez e damas, aproveitavam para bater papo, praguejar e planejar fugas impossíveis. Não podiam fumar nem beber, teoricamente.
Como em toda a sociedade americana na época, Alcatraz era segregada: brancos de um lado, negros de outro. Nada de integração.
O mal do inferno é a proximidade do paraíso. "Não tinha um dia em que você não notasse que diabos estava perdendo, ao ouvir as vozes e ver San Francisco através das grades, a apenas 1 milha de distância. Podia-se ouvir as meninas rindo e todos os sons do mundo livre", conta um preso.
Como tudo na vida, um dia acaba.
"Dia 26 de outubro de 1962, depois de 15 anos sem visitas, eu, Whitey, estava livre. Dei bom dia ao guarda e ele perguntou por quê. 'É um dia bom pra cacete!, porque estou saindo daqui.'
Fiquei trancado por 15 anos, sem visita, sem cartas, sem nada. Me assustei com os carros correndo, as pessoas andando, tudo se movendo tão rápido... Eu me lembro de como eu senti inveja porque todo mundo tinha um destino, todos eles estavam indo para algum lugar, e eu não sabia aonde estava indo. E eu estava morrendo de medo."

 

O buraco da fuga, ao fundo


Boneco de Clint Eastwood, com cabelo de verdade, usado para enganar os guardas que, por entre as grades, passavam a mão no cabelo dos presos para ver se eles estavam na cela. Ao fundo, o buraco supostamente cavado com uma colher - dizem que não seria possível, porque era concreto.
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segunda-feira, novembro 07, 2005

 

Distribuição de Renda (Me dá um dinheiro aí!)

O brasileiro não gosta de dar gorjeta. Dá os 10% no restaurante contrariado.
Quando o serviço não é ruim. Acho que tem gente que torce para o serviço ser ruim.
Na cultura americana, a gorjeta é distribuição de renda.
Taxista ganha, barman ganha, motorista da van do hotel ganha, garçom, claro, ganha de 15% a 20%. "O que são dois ou três dólares?"
O americano de classe média pensa assim. E acha que vale a pena dar um pouquinho do seu em prol do outro, que não ganha tanto quanto ele.
A vida do outro fica melhor com a soma das "tips" e ninguém fica mais pobre por isso, é verdade. Não se trata de esmola, mas de compensação por serviço prestado.
E distribuição de renda. Talvez funcione.

sábado, novembro 05, 2005

 

Os poderosos chefões

Depois de ouvir a um discurso de Bill Clinton hoje, na Universidade de Minnesota, aqui vão alguns pensamentos de presidentes americanos, que continuam atuais e ilustram as paredes do Carter Center (http://www.cartercenter.org), em Atlanta, Geórgia.

“No futuro, que procuramos fazer seguro, desejamos um mundo fundado nas liberdades essenciais do homem: liberdade de expressão, de cultuar Deus ao seu modo, liberdade do medo.” Franklin Deolano Roosevelt (http://www.whitehouse.gov/history/presidents/fr32.html)

“Um homem influenciado pelas pesquisas ou que teme tomar decisões que podem fazê-lo impopular não é homem para representar o bem-estar do país.” Harry Truman
(http://www.trumanlibrary.org/) e (http://www.whitehouse.gov/history/presidents/ht33.html)

“Se não pudermos acabar agora com nossas diferenças, ao menos podemos tornar o mundo seguro para a diversidade. Pois o elo mais comum que temos é o fato de que todos vivemos neste planeta. Respiramos o mesmo ar. Todos nos preocupamos com o futuro de nossas crianças. E todos somos mortais.” JFK

“Nós já falamos o suficiente neste país sobre igualdade de direitos. Falamos por 100 anos ou mais. Chegou a hora de escrever o próximo capítulo e escrevê-lo nos livros da lei.” Lyndon Johnson (http://www.whitehouse.gov/history/presidents/lj36.html)

“O único título em nossa democracia superior ao de Presidente é o título de cidadão”, Jimmy Carter (1977-1981) (http://www.whitehouse.gov/history/presidents/lj36.html)
“Não pode ser dito firme demais, vezes demais ou forte demais: Enquanto eu for presidente, o governo dos Estados Unidos vai continuar a defender e estimular direitos humanos pelo mundo.”
“Nosso compromisso com os direitos humanos precisa ser absoluto. O poderoso não pode perseguir o fraco, e a dignidade humana tem de ser estimulada. O próprio mundo está dominado por um novo espírito. As pessoas estão precisando e exigindo seu lugar ao sol, não apenas o penefício de sua condição física, mas direitos humanos básicos. E porque somos livres, nunca podemos ser indiferentes ao destined liberdade em qualquer outro lugar.” Inaugural Address (Discurso de Posse, Janeiro de 1977)

 

O repórter (Bob Woodward - para a Revista Imprensa, edição Novembro de 2005)

Um silêncio respeitoso tomou conta da sala de jantar na sede do Washington Post, quando o homem grisalho e elegante entrou, em uma tarde de setembro. “Posso sentar aqui?”, pergunta, com voz poderosa. “Claro.”
É Bob Woodward. Ao lado de Carl Bernstein, escreveu a série de matérias que culminaram com a renúncia do presidente dos Estados Unidos Richard Nixon, em 1974. A cobertura do caso Watergate foi registrada sob o nome de “Todos os Homens do Presidente” em livro e filme - com Robert Redford e Dustin Hoffman -, e é talvez o mais clássico e bem-sucedido exemplo de investigação na história do jornalismo moderno.
Bob Woodward poderia ser um dos grandes nomes do passado, mas não. Desde então, continuou como repórter e escreveu dez livros, nove dos quais foram o número 1 em vendas nos EUA. Em 2002, recebeu pela cobertura do 11 de Setembro seu segundo prêmio Pulitzer - o primeiro foi pelo Watergate, em 1973 -, maior honraria do jornalismo Americano.
Foi descrito pelo The Wall Street Journal como “o mais celebrado jornalista desta era” e pela TV CBS como “o melhor repórter de nosso tempo. Talvez o melhor de todos os tempos.”
O Washington Post, diário que ajudou a tornar um dos mais prestigiados do país, o mantém como patrimônio há 32 anos. Goza do título de repórter e editor-executivo-assistente, mas vai ‘a redação menos de dez vezes por ano. Trabalha a maior parte do tempo em casa, em seus livros, e escolhe as poucas matérias que escreve por ano para o Post.
Ele chama o jornal de sua família.
Convidado ilustre do almoço oferecido a nove bolsistas do World Press Institute*, do qual a Imprensa participou, o reservado Woodward é celebridade mesmo entre os colegas de redação. ‘A mesa estavam o veterano colunista político do Post David Broder; o correspondente na Casa Branca Dan Balz; o editor de domingo, James Rowe; o subeditor de Internacional, Peter Eisner; e os premiados repórteres especiais Scott Higham e James Grimaldi. Mas as atenções pareciam ser dirigidas a Woodward. Todos, mesmo os do Post, queriam saber dele sobre Garganta Profunda, presidente Bush, jornalismo. Polido, aos poucos passou a transferir as perguntas. Ao fim do encontro, dois jornalistas lhe pediram que autografasse seus livros: um deles era o repórter especial do Post Scott Higham, vencedor do Pulitzer de Reportagem Investigativa em 2002. “Encontrei esta primeira edição de Todos os Homens do Presidente no porão.”
Dos últimos três livros, dois foram sobre George W. Bush e suas guerras: Bush em Guerra, sobre o 11 de Setembro e o conflito no Afeganistão, e Plano de Ataque, sobre a invasão ao Iraque. Seu estilo é revelar os bastidores da tomada de decisões na cúpula do poder com precisão e riqueza de detalhes impressionantes. A nota aos leitores é uma pequena aula de jornalismo. Descreve o processo de apuração, como obteve as informações, quantas pessoas entrevistou, se em on ou off - usa a expressão on background: pode usar a informação, mas não revelar a fonte. “Atribuí pensamentos, conclusões e sentimentos aos participantes. Estes vieram ou da própria pessoa, de um colega diretamente ligado a ele ou de documentos, confidenciais ou não”, explica no início de Bush em Guerra.
Woodward está sempre na TV, falando sobre política e seus livros. Há quem ache que se tornou conservador e que soa como se defendesse Bush. Não parece.
O livro mais recente é The Secret Man: The Story of Watergate’s Deep Throat. Conta a história de como o jovem oficial da Marinha, formado em Yale e que queria ser advogado, resolveu virar repórter - talvez em parte por influência de um senhor esguio e elegante que cruzou seu caminho em uma sala da Casa Branca. Concedeu-lhe minutos de atenção e o cartão de visitas. Era do FBI e seu nome era Mark Felt. Pode chamá-lo de Deep Throat, Garganta Profunda.
Woodward não sabia então, mas esse homem mudaria sua vida.
Seria anos depois, como vice-diretor do FBI, peça-chave na montagem do quebra-cabeças do Washington Post que levou à renúncia de Nixon, após demonstrada a participação dos principais assessores presidenciais num esquema de espionagem e sabotagem dos Democratas pelos Republicanos de Nixon, na campanha eleitoral.
O segredo da verdadeira identidade do Deep Throat foi guardado por apenas três pessoas por mais de 30 anos: Woodward, Bernstein e Ben Bradley, editor do Post de 1965 a 1991. Os repórteres investigativos Higham e Grimaldi contam com deferência que usam o exemplo de Woodward em seu favor para quebrar a resistência de fontes temerosas em colaborar. “O Post manteve a palavra por mais de 30 anos, por que não manteria novamente?”
Em junho, aos 91 anos, Mark Felt resolveu se anunciar; não ao Washington Post, mas à revista Vanity Fair, cujo editor é justamente Carl Bernstein - que não foi informado da matéria. Woodward jura que não ficou bravo com Felt, que julga estar mentalmente desequilibrado, e se diz de certa maneira aliviado. “Fiquei surpreso, não preciso nem dizer, e preocupado se tinha sido realmente ele ou a família que fez ele dizer isso.”
No dia em que a reportagem saiu, Bernstein voou de Nova Iorque para Washington D.C.. Os três se encontraram na sede do jornal, e se deram um longo e emocionado abraço na redação.
“Um editor veio até mim, me agarrou pelo pescoço e disse: Acabou, Bob!”


Na entrevista que você vai ler abaixo, concedida ‘a Imprensa e aos jornalistas do WPI, Woodward fala de jornalismo, Garganta Profunda e descreve George W. Bush com ironia mas precisão journalistica, usando exemplos anedóticos da simploriedade das respostas do presidente.

* O World Press Institute (worldpressinstitute.org) é uma organização independente, sem fins lucrativos, que leva anualmente dez jornalistas aos Estados Unidos para bolsa de quatro meses sobre Liberdade de Imprensa, Jornalismo e diversos aspectos da cultura americana. O programa, baseado no Macalester College, em Minnesota, inclui viagens a mais de dez estados, seminários de Jornalismo, visitas aos principais meios de comunicação dos EUA, a universidades, instituições federais e fundações. Não recebe recursos do governo americano.
Entre os brasileiros que participaram do programa estão o âncora Lucas Mendes (1969) e Caio Blinder (1986), ambos atualmente no programa Manhattan Connection, o correspondente do Estado de S.Paulo em Londres, João Fábio Caminoto (1996), e a editora de Treinamento da Folha de S.Paulo, Ana Estela de Souza Pinto (1995).

PING-PONG
O sr. ficou chateado com o fato de Mark Felt ter revelado ser o Garganta Profunda a outra pessoa, sem avisá-lo?
De maneira nenhuma. Fiquei surpreso, não preciso dizer, e preocupado, sem saber se tinha sido uma decisão dele mesmo ou de sua família. Me dei conta de que tudo tinha acabado quando um editor me agarrou pelo pescoço na redação e disse: ‘Acabou, Bob!’. A gente confirmou que ele tinha falado mesmo naquele dia. Foi bom, porque acabou com muito mistério. Agora que todo mundo sabe, fica claro que era ele e que era óbvio. Foi melhor que tenha acontecido agora do que depois que ele tivesse morrido. Ele não está são, tem aquele olhar senil. Não fiquei chateado, mas preocupado com ele. Tanto meu advogado quanto Ben Bradlee (editor do Post durante o Caso Watergate e por 26 anos - 1965-1991) disseram a mesma coisa: ‘É uma pessoa com uma doença mental.’
Existe alguma lição de todo esse episódio?
No fim das contas, fiquei satisfeito com o desfecho. É a demonstração de que você pode ter um relacionamento com uma fonte, manter sua palavra, fazer bem o seu trabalho e obter informação importante de fontes confidenciais. É um ótimo precedente e uma prova para outras fontes de que você vai manter a sua palavra.
Como o sr. se prepara para uma entrevista?
Quando me preparo para uma entrevista, procuro saber exatamente o que quero, do que estou atrás, e tento deixar isso claro ao entrevistado. Quando pergunto sobre fatos, estou interessado em saber como a pessoa e os outros se sentiram naquele momento e por quê. Carrego sempre dois gravadores. Não confio em mim mesmo (ri).
Quando fui entrevistar o presidente Bush para um dos livros, preparei um memorando de 21 páginas para ele e Condy (Condoleeza, secretária de Estado, chanceler) Rice. Queria saber se estava certo e ter a chance de ele me confirmar ou não minha apuração. A recepção geral entre os colegas foi uma grande gargalhada. ‘Ele nunca leu nada na vida inteira’, me diziam. Mas ele leu. E porque fomos em detalhe checando o memorando eu pude pôr tudo em on, citando suas palavras.
O sr. poderia comentar o seu método de apuração e entrevista?
Um método que uso é o de reentrevistar as pessoas várias vezes. Algumas coisas elas nunca vão nos dizer. Em geral, sabemos muito pouco do que acontece no governo. Um alto personagem me disse que depois do meu livro Plano de Ataque (sobre os bastidores e as decisões sobre a invasão do Iraque), sabe-se mais ou menos 70% do que aconteceu no Iraque. O resto talvez nunca saibamos. Pode ser que nunca apareça. Também ouvi o seguinte sobre o livro: “Esta é uma história do que aconteceu. Mas você faz parecer ter mais coerência do que o fato em si, na verdade.
Quais as diferenças entre o jornalismo investigativo na época do Watergate hoje?
Acho que hoje o negócio está mais impaciente. Carl Bernstein e eu trabalhávamos na história por semanas antes de publicar. Hoje, cada vez mais gasta-se menos tempo em coisas que deveríamos gastar mais tempo. Você precisa ter uma mistura de background information (informação dos bastidores, off) e on the record. E isso toma tempo.
O sr. entrevistou o presidente George Bush e seus principais auxiliaries diversas vezes para seus livros. Na sua opinião, ele toma suas próprias decisões ou é guiado por ministros e assessores?
Estou certo de que ele toma suas próprias decisões. A resposta ao 11 de Setembro veio na maior parte de sua cabeça, foram suas as decisões. E muita gente no gabinete de Guerra da Casa Branca gostou da idéia de que tenha sido a decisão de outra pessoa. Como mostro nos livros, ele se envolve nos detalhes, como poucos, e se orgulhava de dizer que sabia cada detalhe das operações, porque ele estava em todas as reuniões importantes em que as decisões foram tomadas. No começo estava muito inseguro, mas depois, na cabeça dele, não havia ninguém que soubesse mais de 11 de setembro que ele. Ele estava no centro de tudo. ‘Posso dizer o que eu quiser, me envolvi, estive em todas as reuniões sobre o assunto’, me disse.
Mas às vezes falta alguém que o alerte, como no caso do furacão Katrina - um erro de Inteligência (informação), como o 11 de Setembro. Faltou a Bush alguém em Nova Orleans que ele teria se o furacão fosse em Texas ou Alabama, alguém que ligasse para ele e dissesse: 'George, get your ass down here! Vem para cá agora!' (ri)
Como o sr. analisa o presidente Bush?
Bush é muito objetivo. Dá respostas de 30s, 40s, vai direto ao ponto. Ele não gosta de jogar pequeno, gosta de coisas grandes, de transformações. Ele não admite seus erros, é parte de sua personalidade, mas ele aprende a partir dos erros. Saí de uma entrevista com o presidente Bush e fiquei surpreso por poder perguntar cinco vezes mais coisas que tinha planejado e estavam no memorando. Nenhum limite de tempo. No final ele disse: ‘Se quiser voltar, volte quando quiser!’ Ben Bradlee (ex-editor do Washington Post) me perguntou: ‘E aí, pegou ele na mentira?’ Mas ele é muito confiante, acredita no que faz e diz.
Qual a importância da religiosidade do presidente Bush em sua administração?
Bush tem uma linguagem corporal religiosa. Eu o pressionei por dez minutos para saber que tipo de conselho recebeu do pai (o ex-presidente George Bush) antes de ir 'a guerra contra o Iraque. Ele escapava pela tangente. ‘Falo com ele regularmente, não especificamente sobre isso.’ Até que uma hora, ele disse: ‘Quando se trata de força, eu apelo a um Pai superior.’ Comentei isso com Condy Rice e ela riu. ‘Você vive em uma bolha. É verdade, e é a mensagem que ele quer passar.’ Ele é claramente sincero e genuíno e acredita nisso. Ele tem mais camadas e é muito mais complexo que as pessoas pensam.
Quais vão ser as consequências da gestão Bush para o futuro?Perguntei ao presidente como a História o julgaria em 30 ou 40 anos, sobre a Guerra do Iraque. Ele estava no Salão Oval da Casa Branca, mãos nos bolsos. Ele tirou as mãos dos bolsos, abriu os braços, mãos espalmadas. 'História? História?... nunca saberemos. Estaremos todos mortos.' (Woodward ri) É interessante que ele tenha conseguido fazer as coisas e definir uma era sem debater as coisas. Os republicanos controlam o Congresso e a Casa Branca. Bush tem muitas camadas que não aparecem 'a primeira vista. E não sabemos o que vai acontecer e o que vai resultar de tudo isso. Imagine se daqui a 30 ou 40 anos houver mais estabilidade, menos terrorismo e democracia no Iraque. O que se vai pensar?

 

'Here comes the story of the Hurricane, The man the authorities came to blame...' (Bob Dylan)

Os furacões são tão frequentes na Flórida, que o Miami Herald, maior jornal da cidade, tem um plano específico para a cobertura desses eventos. Abaixo seguem as dicas de Judith Miller, editora de Geral que tem o mesmo nome da polêmica repórter do New York Times presa por não revelar nome de fonte. É ela quem organizada o esquema de cobertura de furacões do diário.
Segue uma espécie de manual, com dicas - algumas óbvias, outras nem tanto - de como se preparar para uma catástrofe anunciada.
Um segredo para o sucesso é artigo escasso: leva o nome de dinheiro.
(Aviso: É longo, mas instrutivo. Se não quiser ler, pule)

1. Definir quem faz que matérias e o espaço
2. Logística: Comunicação, gasolina, dinheiro vivo, água, comida, telefones, laptops, equipamento em geral
3. Instalações físicas: É preciso ter uma opção para o caso de o prédio do jornal ser atingido pelo desastre natural. Deve-se ter capacidade de operar, não se pode acreditar que tudo vai funcionar e o prédio vai ficar de pé, com energia elétrica.
É preciso definir como as pessoas vão se comunicar.
Também é importante ter muito dinheiro em mãos, porque em momentos como esse, de crise, os caixas eletrônicos rapidamente ficam sem dinheiro.
As bombas nos postos de gasolina também secam, por causa da intensa demanda.

Dicas:
1. Tenha um plano antes da estação dos furacões e o atualize duas vezes. Faça com que ele faça parte de seu orçamento anual. Inclua laptops e telefones de satélite.
2. Planeje para o pior, torça pelo melhor: falta de energia, de telefones e prédio afetado pela tormenta. Aconteceu em Biloxi, a 100 milhas de Nova Orleans, com o jornal do grupo Knight, por uma semana. O Miami Herald tem um acordo com um hotel para transferir seu equipamento para lá, no caso de necessidade. Funcionária como uma espécie de "redação reserva", outro jornal em uma área diferente.
3. Equipamento: Geradores, celulares, com baterias, adaptador de energia para carregar celulares no carro, picape com tração 4x4, com adaptador para recarregar cels e laptops. "Vencemos a competição ano passado em 4 furacões", diz Judy Miller.
As antenas de celular são afetadas e caem as linhas. Neste caso, tenha Nextel com baterias reservas. Muitas vezes, os telefones por satélite estão em "nuvens", onde não pegam. Neste caso, use os bons e velhos "orelhões", os "macacos", como chamavam os companheiros antigos. Em Miami, por exemplo, têm um sistema elétrico diferente dos outros telefones e sobreviveram a muitos furacões sozinhos. Use mensagens de texto, que continuam a funcionar por vezes quando o cel não funciona.
4. Próprios recursos de alimentação.
Tenha sempre comida e água para ao menos 48h. Barras de energia, Gatorade, tubos de vitaminas e antibióticos, kit de primeiros-socorros, roupas (descartáveis), meias, sapatos adequados e equipamento que possa ajudar - lanterna. "Um repórter carregou uma serra-elétrica... e usou!!! Disse que teve de cortar um tronco de árvore no meio do caminho." Tenha sempre uma mochila pronta com mudas de roupas para alguns dias.
5. Dinheiro vivo.
Você não pode ser o editor-chefe de um jornal e não poder ter dinheiro rapidamente, se necessário. 'As vezes é preciso dinheiro para alugar ukma lancha, um helicóptero, subornar um cara, para consertar um pneu."
6. Determinar previamente as tarefas e áreas de cobertura de cada um.
Pré-paute os repórteres por zona geográfica. Assuma que você não vai poder se comunicar com eles no meio-tempo. Pré-pautados, eles vão desenvolver certo conhecimeto sobre o local e fazer os contatos e relacionamentos necessários.
7. Os "âncoras", ou os pegadores de matérias
Mantenha os âncoras em um lugar fixo, online. Eles vão receber por telefone as informações do repórter que está na rua e escrever o texto a partir delas. Faça com que os repórteres liguem constantemente para atualizá-las.
8. Repórteres não podem sair do lugar sem gasolina. O Herald estabeleceu relação com um fazendeiro que tem uma bomba de gasolina e fornece combustível reserva para os carros do jornal quando há emergência. Tudo isso tem que acontecer com antecedêncoa: é impossível conseguir essas coisas em meio ao caos.
9. Mantenha os jornalistas seguros. Nada de heroísmo. Não se pode correr atrás de uma tempestade, tornado ou furacão. Há margem de erro de 100 milhas. Mantenha pessoas próximas a essa área, cerque-a com repórteres, deixe a tempestade acontecer, com as pessoas em segurança e então vá atrás. "Não se coloque em perigo: um repórter morto é um mau repórter", diz o editor de fotografia.
10.6. O primeiro momento é dos repórteres empreendedores e corajosos, pé-de-boi, que se viram e trazem a informação, sob qualquer circunstância. Qual é o papel da equipe de investigação? Por quê? O quê? Quem é reposnsável? Estes podem ir depois.
11.7? Dê informação-serviço.
Como obter ajuda, escolas, comida. Nessas ocasiões, os jornais se tornam ainda mais poderosos e importantes do que nunca. As pessoas estão isoladas, sem saber o que está acontecendo e querem ter notícias e entender. É o momento da utilidade pública. Antes do furacão, é preciso que o jornal avise e explique o que vai acontecer e ensine ao leitor como se preparar, ter água tratada e como evitar mortes estúpidas, por exemplo por intoxicação por monóxido de carbono de geradores. "Nós salvamos vidas", diz Judy.
12.8. Mande répórteres com bom texto - bons escritores, good writers - sem nenhuma tarefa específica - no assignment - além de encontrar histórias interessantes. Eles vão encontrar matérias surpreendentes. Nosso repórter encontrou uma mulher com câncer, que tinha perdido a casa e tudo o que tinha, inclusive o aparelho com que se tratava com quimioterapia e do qual sua vida dependia. Sua cara era o retrato da destruição.
Normalmente há mais repórteres do que fotógrafos nessas coberturas.
Queremos cobrir antes do storm. Uma vez no Hummer, o cara vai dirigir até poder transmitir todas as fotos de uma vez, com tudo o que precisamos. "Eu não quero um monte de fotos, quero o melhor. Não me interessa o que te custe. Não quero 50 fotos da mesma coisa: preciso de 3 boas imagens."
É preciso dar 'as pessoas as ferramentas para que possam ter sucesso.
Temos 5 telefones por satélite, que variam de US$ 4 mil a US$ 7 mil. Na temporada dos furações, pedimos os telefones de Washington D.C. também. Laptops, bat wings. O computador precisa estar configurado, o que leva um dia. US$ 2.600
Laptops: US$ 600-US$ 800. Os que aceitam cel SAT custam US$ 1.200 e precisam ser configurados.
Tel satélite: É preciso assinar o serviço e pagar mensalmente por ele cerca de US$ 70. A qualidade do serviço depende de onde sua base está instalada no mundo e se o local foi afetado. Qualcomm é baseada em San Juan, Porto Rico.
O preço do minuto é US$ 10. Uma foto demora de 6-8 minutos para ser trnasmitida pelo SAT. Repórteres inexperientes são colocados para trabalhar com experientes

Se algo der errado, não perca a cabeça. Algo sempre vai dar errado e coisas vão ser perdidas. Por isso é bom sempre levar dois de cada item: 2 baterias, 2 cabos de telefone...
Combine horários e pontos de encontro.
Seja amigo dos militares e do pessoal que está prestando socorro. Eles precisam ser empreendedores e tem equipamento. São os primeiros a chegar ao lugar. As agências de socorro - Bombeiros, Polícia, Cruz Vermelha - têm planos de emergência para essas situações. Pegue alguém que seja especializado. Essa pessoa vai te ligar dias antes e avisar. Eles podem te ajuda muito. Uma carona e helicóptero pode ser essencial.

sexta-feira, novembro 04, 2005

 

Redução do crime em Chicago

Pôster na parede de delegacia
"Violent Crime in Chicago (2004-2003)
1. 26% menos homicídios: 155, menor número desde 1965
2. Tiroteios: -39%
3. 1100 menos tiroteios
4. Mais de 10 mil câmeras nas ruas
Obrigado aos policiais, que fizeram isso acontecer."

 

Sugestões

"Believe nothing, no matter where you read it or who has said it unless it agrees with your own reasons and your own common sense." Buddha

"Live with intention. Walk to the edge. Listen hard. Practice wellness. Laugh. Choose with no regret. Continue to learn. Appreciate your friends. Do what you love. Live as if this is all there is."

terça-feira, novembro 01, 2005

 

Pesadelo


Trânsito de Los Angeles. O pior sistema de transporte que já vi. O sistema público é péssimo. Como ninguém usa, ninguém sabe dar informações nem conhece as linhas de ônibus ou metrô. Demorei duas horas e três diferentes ônibus para ir até o Universal Studios, e 2h30 para voltar, usando o metrô. Os trens demoram a vir, são distantes de tudo e as informações são inexatas. Há mais de uma linha na mesma pista e quase nenhum sinal disso, o que leva ao erro. Claro, errei também e me atrasei em 40 minutos.

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Ponte


Bay Bridge, liga San Francico a Oakland
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Rio-Niterói


San Francisco, vista de Alcatraz
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San Francisco


Vista de Lombard Street, a rua mais tortuosa do mundo
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Marines


Regras de Segurança:
1. Trate toda arma como se estivesse carregada.
2. Nunca aponte uma arma em direção a algo que não pretende acertar.
3. Mantenha seu dedo esticado e fora do gatilho até que esteja pronto para atirar.
4. Mantenha sua arma travada até que pretenda atirar.
(Camp Pendleton, California)
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Sala de Controle, em preto e branco


Univision, maior TV em espanhol nos EUA
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Franco-atirador


É assim que os Marines treinam a pontaria em Camp Pendleton, maior base dos fuzileiros navais. Uma vez por ano, eles são submetidos a testes de tiro. Eles precisam fazer 25 pontos em 65, com alvos virtuais em distâncias diversas e armas reais adaptadas. O peso, o coice e tudo o mais são iguais, mas não sai bala. Também há armamentos mais pesados, com munição 7.62mm e 5.65mm, e exercícios em que os inimigos atiram contra eles, em videogames. "Não é a mesma coisa que atirar de verdade, exatamente, mas funciona bem", explicou um dos instrutores, sargento D'Ávila, o cara que aparece comigo segurando um fuzil de assalto M-16, em uniforme de deserto. É um dos poucos que podem usar as mangas compridas nesta época do ano. Os outros têm de usar as mangas dobradas na altura dos bíceps - é por estação do ano.
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The Frog


Este helicóptero dos Marines, conhecido como "Superfrog" ou "Battle Frog" têm sido usado desde os anos 60, no Vietnam. Este, especificamente, é de 1970 e acaba de retornar do Iraque, onde participou de 50h em missões por mês - o normal são 12h -, na maioria de resgate de feridos. Serve para transporte de tropas, até dez pessoas, e carrega macas. O motor de 1800 cavalos é capaz de levantar suas 7 toneladas - até 10 toneladas, carga incluída - e voa a 145 nós no máximo. Por dentro, é menor do que aparenta. Não tem armamento pesado nem é capaz de disparar bombas ou mísseis, diferentemente de outras aeronaves de ataque, como o Cobra - que conta com canhões de 20 mm e mísseis de precisão infravermelho. O máximo que carrega são duas metralhadoras 50mm operadas por soldados 'a porta. "É um burro de carga (working horse). Quando você acha que o Frog já fez tudo que podia, ele o surpreende com algo novo", diz o capitão Snowman, um fã do Frog e veterano do Iraque.
O piloto só vê o que está na frente. Um precário retrovisor lateral mal permite que ele veja qualquer coisa. "Não sei quando a parte traseira está chegando ao chão. Vou pela prática. Mas esse helicóptero pousa em qualquer lugar, é impressionante", diz o piloto. A vantagem é que, por não ser uma aeronave de ataque, também deixa de ser um alvo prioritário. "Não tem nenhum furo de bala. Depende do atirador, muitos não têm treinamento", explica Snowman.
A excelente manutenção dos helicópteros é apontada pelo capitão Dixon, piloto de um Cobra de combate, como essencial para o sucesso. "Nossos mecânicos trabalham um número incrível de horas. Nunca abandonamos uma missão por causa de manutenção", diz ele. Dixon, 33 anos e cuja experiência inclui aviões, tem uma explicação curiosa sobre a diferença entre voar aeronaves de asa fixa e helicópteros. "O avião quer voar; os helicopteros, há sete forças lutando umas contra as outras para ele não voar; quando todas funcionam ao mesmo tempo, dá certo", conta Dixon.
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M-16 de brincadeira


Apesar da foto, é verdade! Sou pelo desarmamento e fiquei extremamente surpreso e desapontado com o resultado do referendo. Não pude votar porque estava em trânsito, chegando a Los Angeles. Soube depois que ninguém fora do país podia participar. É inacreditável que mais de 60% dos brasileiros realmente acreditem que a venda de armas deva continuar.
São justamente essas armas compradas legalmente que matam acidentalmente crianças, irmãos, amigos e fazem de pessoas normais assassinos eventuais. Pesquisa divulgada pelo governo mostrou queda de 13% no número de pessoas mortas por armas de fogo depois do início da campanha do desarmamento. Ou acabam roubadas e servem de armamento para bandidos.
Ninguém é tolo de achar que os criminosos vão parar de ter armas, não é esse o objetivo, porque é evidente que eles vão continuar a obter as suas no mercado negro, como sempre. Mas se salvar é possível salvar algumas vidas inocentes já vale a pena.
E quem não sabe que reagir a um assalto com arma quase sempre acaba em tragédia?


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The Weather Man


Descobri o segredo na Univision: em cada um dos lados do painel há uma tela de computador com a imagem do mapa. Quando o homem do tempo está olhando para o lado e a gente pensa que ele está mirando o painel, na verdade está espiando as telas com a sua imagem sobreposta 'a do mapa... Aí fica fácil saber onde vai chover.
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Sou eu?


Caricatura feita no San Diego Zoo. Como sempre em Los Angeles, o caminho de volta demora o dobro da ida, mesmo fora da tradicional hora do rush. Aconteceu conosco duas vezes: a primeira quando fomos a Camp Pendleton, base dos Marines; a outra foi o famoso zoológico. Demorou 2h para irmos e 3h40 para voltar. Saímos de San Diego pouco depois das 15h... e chegamos 'as 19h, o trânsito irritantemente lento, carros esportes - um em cada quatro - andando a 20km por hora. Nem as pistas exclusivas para carros com mais de uma pessoa (CARPOOLS ONLY - two or more persons per vehicle), ótima idéia, dão conta. Elas também acabam congestionadas.
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Abaporu moderno


Por Tarsila do Amaral e Daniel Cavero, a bordo do estoque de bagagens do trem Chicago-San Francisco, da Amtrak.
Isso é o que acontece depois de 52h de viagem.
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